Crítica: Fúria (Fury), de David Ayer
David Ayer, cineasta americano natural do Illinois cresceu rodeado de figuras de poder, em especial, polícias e traficantes, homens duros provenientes de universos agrestes que se confrontam diariamente um pouco por todo o mundo. A partir daí decidiu criar uma carreira, inicialmente como argumentista (é dele o argumento de "Dia De Treino") e depois como realizador, baseada na tentativa de recriar essas mesmas realidades no cinema. Isso pode ser observado com tanta clareza no seu "Fim De Turno" (onde retratava o dia a dia de uma dupla de policias de Los Angeles, que arriscavam a vida diariamente nos bairros mais perigosos dos EUA) como agora em "Fúria", estando a única diferença na forma como este transporta a ação dos EUA hoje, para a Alemanha em plena 2ª Guerra Mundial.
O resultado é um filme que é tão espantoso como chocante, agarrando o espetador e atirando-o diretamente para um cenário infernal, onde os mais atrozes atos de violência são encarados como se nada fossem. E tal é especialmente visível através das personagens.
Isto, porque sim, apesar da estonteante escala e espectáculo visual que são as sequências de acção, "Fúria" é acima de tudo uma obra centrada nas "vidas" que a habitam, aqui brilhantemente interpretadas pelo quinteto central, onde Bradd Pitt e Shia LaBeouf deslumbram como dois homens demasiado traumatizados e/ou habituados ao quotidiano da batalha, para alguma vez poderem alcançar a felicidade, tentando unicamente manter alguma dignidade e humanidade, num local onde não existe espaço para tais coisas. Tanto num caso como no outro são performances discretas e metódicas que brilham com especial intensidade em pequenos momentos, pequenas expressões onde deixam transparecer, simplesmente o quão fatais foram os efeitos que a guerra teve sobre eles. Além disso destaque também para Jon Bernthal e Michael Peña que trazem as suas personagens à vida, de uma forma quase animalesca, e Logan Lerman que surpreende com o seu Norman, um jovem inocente e inexperiente que vê a sua alma ser irremediável e continuamente arrastada para uma espiral de violência, loucura e desespero da qual não há saída.
E, em conclusão Ayer cria aqui um prodígio cinematográfico encontrando um equilíbrio perfeito, um registo de drama intimista e épico de guerra, sendo ainda capaz de "arrancar" enormes interpretações ao seu elenco.
"Fúria" é cinema de cortar o fôlego.
10/10
David Ayer, cineasta americano natural do Illinois cresceu rodeado de figuras de poder, em especial, polícias e traficantes, homens duros provenientes de universos agrestes que se confrontam diariamente um pouco por todo o mundo. A partir daí decidiu criar uma carreira, inicialmente como argumentista (é dele o argumento de "Dia De Treino") e depois como realizador, baseada na tentativa de recriar essas mesmas realidades no cinema. Isso pode ser observado com tanta clareza no seu "Fim De Turno" (onde retratava o dia a dia de uma dupla de policias de Los Angeles, que arriscavam a vida diariamente nos bairros mais perigosos dos EUA) como agora em "Fúria", estando a única diferença na forma como este transporta a ação dos EUA hoje, para a Alemanha em plena 2ª Guerra Mundial.
O resultado é um filme que é tão espantoso como chocante, agarrando o espetador e atirando-o diretamente para um cenário infernal, onde os mais atrozes atos de violência são encarados como se nada fossem. E tal é especialmente visível através das personagens.
Isto, porque sim, apesar da estonteante escala e espectáculo visual que são as sequências de acção, "Fúria" é acima de tudo uma obra centrada nas "vidas" que a habitam, aqui brilhantemente interpretadas pelo quinteto central, onde Bradd Pitt e Shia LaBeouf deslumbram como dois homens demasiado traumatizados e/ou habituados ao quotidiano da batalha, para alguma vez poderem alcançar a felicidade, tentando unicamente manter alguma dignidade e humanidade, num local onde não existe espaço para tais coisas. Tanto num caso como no outro são performances discretas e metódicas que brilham com especial intensidade em pequenos momentos, pequenas expressões onde deixam transparecer, simplesmente o quão fatais foram os efeitos que a guerra teve sobre eles. Além disso destaque também para Jon Bernthal e Michael Peña que trazem as suas personagens à vida, de uma forma quase animalesca, e Logan Lerman que surpreende com o seu Norman, um jovem inocente e inexperiente que vê a sua alma ser irremediável e continuamente arrastada para uma espiral de violência, loucura e desespero da qual não há saída.
E, em conclusão Ayer cria aqui um prodígio cinematográfico encontrando um equilíbrio perfeito, um registo de drama intimista e épico de guerra, sendo ainda capaz de "arrancar" enormes interpretações ao seu elenco.
"Fúria" é cinema de cortar o fôlego.
10/10
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