Crítica: "Selma" ("Selma - A Marcha Da Liberdade"), de Ava DuVernay
É triste, mas frequente que por esta altura à qual chamamos de "época de prémios", certas obras comecem a ser discutidas não pelo seu conteúdo, mas pelas suas hipóteses, ou falta delas de atingir certos prémios. Ora, tal coisa acaba por tornar-se especialmente lamentável na face de uma película como "Selma" de Ava DuVernay, mais que um mero biopic um importantíssimo acontecimento cinematográfico que revisita um episódio fulcral da história da luta pelos direitos civis, com uma "garra" e intensidade que fazem o seu visionamento tão entusiasmante como revoltante.
No sul americano, ainda segregado dos anos 60 após uma explosão matar quatro crianças numa igreja do Alabama, Martin Luther King "serve-se", digamos assim, da indignação que tal selvajaria causou junto ao público para avançar na sua batalha pelo reconhecimento dos negros americanos como cidadãos igualitários. E a partir daí, DuVernay e Paul Webb (cineasta e argumentista, respetivamente) vão desenvolvendo uma obra fulgurante, sem os discursos de King (cujos direitos pertencem a Steven Spielberg, o que fez com que tivessem de ser reescritos), mas com toda a sua alma e humanidade.
Porém, o maior mérito do filme é a forma como se vai demonstrando capaz de conjugar o thriller político minucioso e cativante que advém do jogo estratégico em que King se envolve com as várias fações que o rodeiam, e o drama de atmosfera mais íntima centrado nas pessoas que o seguiram e nas consequências que sofreram por o terem feito. É no fundo, um feito de bravura, isso sim, e um documento histórico vibrante e subtil, de uma importância social imensa.
É triste, mas frequente que por esta altura à qual chamamos de "época de prémios", certas obras comecem a ser discutidas não pelo seu conteúdo, mas pelas suas hipóteses, ou falta delas de atingir certos prémios. Ora, tal coisa acaba por tornar-se especialmente lamentável na face de uma película como "Selma" de Ava DuVernay, mais que um mero biopic um importantíssimo acontecimento cinematográfico que revisita um episódio fulcral da história da luta pelos direitos civis, com uma "garra" e intensidade que fazem o seu visionamento tão entusiasmante como revoltante.
No sul americano, ainda segregado dos anos 60 após uma explosão matar quatro crianças numa igreja do Alabama, Martin Luther King "serve-se", digamos assim, da indignação que tal selvajaria causou junto ao público para avançar na sua batalha pelo reconhecimento dos negros americanos como cidadãos igualitários. E a partir daí, DuVernay e Paul Webb (cineasta e argumentista, respetivamente) vão desenvolvendo uma obra fulgurante, sem os discursos de King (cujos direitos pertencem a Steven Spielberg, o que fez com que tivessem de ser reescritos), mas com toda a sua alma e humanidade.
Porém, o maior mérito do filme é a forma como se vai demonstrando capaz de conjugar o thriller político minucioso e cativante que advém do jogo estratégico em que King se envolve com as várias fações que o rodeiam, e o drama de atmosfera mais íntima centrado nas pessoas que o seguiram e nas consequências que sofreram por o terem feito. É no fundo, um feito de bravura, isso sim, e um documento histórico vibrante e subtil, de uma importância social imensa.
10/10
Miguel Anjos
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