Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Predestination" ("Predestinado"), de Michael Spierig e Peter Spierig



Realização: Michael Spierig e Peter Spierig
Argumento: Michael Spierig e Peter Spierig
Elenco: Ethan HawkeSarah SnookNoah Taylor
Género: Drama/Thriller/Ficção-Científica
Duração: 97 Minutos
Classificação Etária: M/14
Data De Estreia (Portugal): 30/07/2015
Facebook Oficial | Site Oficial | IMDB

É desde já um dos melhores filmes que chegaram às salas de cinema nacionais nos últimos tempos, "Predestinado" (título original: "Predestination"), um thriller de ficção-científica de enredo labiríntico, assinado pelos irmãos Michael e Peter Spierig ("Undead", "Daybreakers - O Último Vampiro"), que tem lugar na Nova Iorque de 1970, onde John (um desempenho extraordinário da revelação Sarah Snook, a nova "coqueluche" do cinema australiano) conta a história da sua vida a um barman (brilhantemente interpretado por Ethan Hawke). John nasceu Jane, uma órfã sobredotada e conflituosa. As suas capacidades chamaram a atenção de uma agência vinda do futuro chamada Departamento Temporal, cujos membros viajam no tempo para neutralizarem crimes antes que estes aconteçam. Mas pelo caminho Jane engravida, o "inseminador" desaparece, Jane descobre possuir dois conjuntos de órgãos reprodutores, e para sobreviver ao parto tem de se transformar em John. E dizer mais é estragar as muitas (e boas) surpresas que o filme tem para nós. 

Baseado no conto "All You Zombies" (1958), do lendário autor de ficção-científica norte-americano Robert Anson Heinlein (1907–1988), "Predestinado" é um grande e complexo thriller dramático, que assenta a sua fascinante narrativa numa elaboradíssima teia de acontecimentos e paradoxos, muitíssimo bem construída pelos cineastas que também escrevem o argumento. Enfim, uma obra-prima que se recomenda a todos aqueles que quando vão ao cinema também gostam de pensar...

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)