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Crítica (MOTELx 2015): "Gokudou daisensou" ("Yakuza Apocalypse: The Great War of the Underworld"), de Takashi Miike



Realização: Takashi Miike
Argumento: Yoshitaka Yamaguchi
Elenco: Hayato Ichihara, Yayan RuhianRirî Furankî
Género: Ação/Terror
Duração: 125 Minutos
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Figura mais ou menos omnipresente no MOTELx com obras suas ou dos seus discípulos, Takashi Miike ("Audition", "Ichi the Killer", "13 Assassins") volta a marcar presença no certame com "Yakuza Apocalypse: The Great War of the Underworld", uma obra extravagante que procura capturar o espírito do V-Cinema (filmes de baixo orçamento, rodados para o dinâmico mercado vídeo japonês), onde o realizador iniciou a sua carreira. No violento universo Yakuza, não há ninguém mais lendário e temido que o patrão Kamiura. Poucos sabem o segredo por detrás do seu poder: ele é um vampiro! Dentro do seu gangue, destaca-se também o fiel Kageyama, ridicularizado pelos outros por não querer tatuar-se. Um dia, dois assassinos que conhecem o segredo de Kamiura, preparam-lhe uma emboscada. Num último suspiro, Kamiura morde o pescoço de Kageyama.

Sinopse estranha? Comparada com o que se passa no ecrã até é bem banal. "Yakuza Apocalypse: The Great War of the Underworld" é das fitas mais bizarras e nonsense que se têm visto no festival. É certo, não será para todos os gostos, mas para quem estiver disposto a entrar no universo demente de Miike, repleto de personagens estranhas (um dos grandes vilões do filme é um homem-rã, sim é esse tipo de filme), peripécias inacreditáveis e tantas outras coisas inexplicáveis, tem pela frente duas horas de entretenimento desenfreado, que reúne todas as condições para se tornar num clássico de culto.


Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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