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Crítica: "Life", de Anton Corbijn



Realização: Anton Corbijn
Argumento: Luke Davies
Elenco: Robert PattinsonDane DeHaanJoel EdgertonAlessandra Mastronardi, Ben Kingsley
Género: Drama/Biografia
Duração: 111 Minutos
Classificação Etária: M/14
Data De Estreia (Portugal): 24/09/2015
IMDB

Depois de, em "Control" (2007) se ter centrado em Ian Curtis, vocalista dos Joy Division (que se suicidou em 1980 quando a banda inglesa se preparava para a sua primeira digressão norte-americana), o ex-fotógrafo convertido em realizador Anton Corbijn parte à redescoberta da intimidade de um símbolo universal da juventude: James Dean (1931-1955). Mais precisamente do momento em que o aclamado fotógrafo Dennis Stock (interpretado pelo britânico Robert Pattinson, numa prestação notável), acompanhou o ator (que aqui "ganha vida" graças a uma performance magnética de Dane DeHaan) na sua última visita a casa, no Indiana.

Corbijn encena a parceria entre Stock e Dean como uma espécie de "tango" entre duas feras desesperadas pelo reconhecimento, uma aliança circunstancial que tanto pode ser benéfica para ambos como travar as suas carreiras, aliás mais do que uma mera aproximação biográfica da vida de Dean, "Life" propõe a evocação do período relativamente curto durante o qual nasceram algumas imagens que, de facto, eternizaram a sua figura. Assim, somos convidados a assistir a um momento particularmente emblemático da história da arte, através do qual o cineasta nos leva numa viagem, assombrada pelos fantasmas do passado que se manifestam através de um certo sentido de nostalgia que encerra em si algo de muito melancólico, por entre a vida destas duas pessoas, e tudo isto sem nunca esquecer a importância do labor dos atores.


Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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