Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Limitless" (Temporada 1, Episódio 1), de Craig Sweeny


Criador: Craig Sweeny
Realização: Marc Webb
Argumento: Craig Sweeny
Género: Drama/Ficção-Científica/Thriller
Duração: 44 minutos
Canal: CBS

Numa altura em que nada se cria e tudo se renova nasce mais uma série inspirada num filme relativamente recente e bastante popular: "Limitless", uma grande aposta da estação norte-americana CBS, que funciona como uma sequela do filme homónimo de 2011 (que por sua vez era inspirado no livro “The Dark Fields” de Alan Glynn).


Os eventos da série passam-se 4 anos após termos deixado o antigo protagonista, Eddie Morra (Bradley Cooper), que tinha conseguido descobrir uma solução para os mortais efeitos do uso do NZT (uma droga cujo principal efeito é transformar-nos na melhor versão de nós próprios, já que catalisa a utilização a 100% das capacidades cerebrais estimulando ao máximo as nossas capacidades cognitivas) e estava a concorrer a uma vaga no senado dos Estados Unidos, para além de ser considerado um potencial candidato à presidência. A série continua com os eventos da vida de Brian Finch (Jake McDorman, que já tinha trabalho anteriormente com Cooper no filme "American Sniper"), um músico sem sorte e sem inspiração, uma desilusão para a sua família e amigos, que vê a sua vida piorar quando o pai desenvolve uma doença que nenhum médico parece ser capaz de diagnosticar. É nesta altura que Brian se apercebe que se o pai morrer nunca o terá visto a alcançar nada de significativo… No entanto, tudo muda quando o nosso protagonista se cruza com um antigo amigo que lhe oferece uma oportunidade de "reanimar" a sua vida na forma do comprimido transparente NZT.

Realizar o trabalho de duas semanas em duas horas, tornar-se um mestre do xadrez, um guitarrista de classe mundial e até um verdadeiro expert em cachorros-quentes, são apenas algumas das capacidades que esta droga providencia. Mas, como não poderia deixar de ser estas novas habilidades vêm com um preço: é que o efeito de um comprimido só dura 12 horas, o fornecimento é escasso e os sintomas de privação de tal forma violentos que há quem mate por um comprimido. Brian torna-se ainda um alvo para o FBI, que também está consciente das capacidades destrutivas desta droga e começa a investigar assassínios associados ao seu consumo.


Com uma narrativa original e envolvente, ótimas sequências de ação e pontuado por um ritmo frenético que agarra o espetador de imediato, "Limitless" é uma das séries mais promissoras da temporada e pode muito bem vir a tornar-se viciante, sendo o único senão que lhe aponto é o aspeto procedural (um caso por episódio), que pode fazer com que a narrativa caia numa rotina. Não obstante, é claramente uma série que merece uma oportunidade, até porque o potencial para algo muito interessante está lá.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)