Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "O Estagiário", de Nancy Meyers


Título Original: "The Intern"
Realização: Nancy Meyers
Argumento: Nancy Meyers
Género: Comédia
Duração: 120 minutos

Jules Ostin (Anne Hathaway) é fundadora e directora executiva de um bem-sucedido site de moda. Quando acede a integrar na sua empresa um programa de sensibilização da comunidade para o bem-estar na terceira idade, não imagina o quanto a sua vida vai ser afectada. É neste contexto que conhece Ben Whittaker (Robert De Niro) um homem de 70 anos que encontra no estágio sénior criado pela empresa a oportunidade por que sempre esperou para fugir ao tédio e sedentarismo da sua vida de reformado. Embora toda a gente adore Ben e o seu optimismo crónico, Jules demora a deixar-se conquistar pelas suas boas intenções e inegável carisma. E tudo se altera quando vê a sua liderança questionada pelos accionistas da sua própria empresa, que a acham jovem demais para decisões tão importantes…

Um novo filme de Nancy Meyers (autora de uma série de títulos bastante aprazíveis, onde se incluem fitas como "Alguém Tem que Ceder" ou "O Amor não Tira Férias") é sempre motivo de regojizo. Afinal, é raro encontrar alguém que seja capaz de escrever (e realizar) comédias dramáticas sobre as atribulações da vida adulta com tanta elegância e maturidade, e prova disso é a sua mais recente longa-metragem, de seu nome "O Estagiário" (título original: "The Intern"), uma obra deveras enternecedora, que evita os lugares comuns típicos do género graças a um argumento inteligente e bem humorado e um elenco de exceção.

Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)