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Crítica: "Ela é Mesmo... o Máximo", de Peter Bogdanovich



Título Original: "She's Funny That Way"
Realizador: Peter Bogdanovich
Argumento: Peter BogdanovichLouise Stratten
Elenco: Owen WilsonImogen PootsKathryn HahnWill ForteRhys IfansJennifer Aniston
Género: Comédia
Duração: 93 minutos
País: EUA
Ano: 2014
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 12/11/2015
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Um novo filme de Peter Bogdanovich, cinéfilo emérito e autor de dois dos grandes filmes dos anos 70 ("A Última Sessão" e "Lua de Papel") é sempre um acontecimento, especialmente se tivermos em conta que o norte-americano já não escrevia e/ou realizava nada, há mais de uma década. Porém, importa frisar, caro leitor, que não só por razões de nostalgia vale a pena destacar este regresso, bem pelo contrário, é que "Ela é Mesmo... o Máximo" (título original: "She's Funny That Way") é mesmo muito bom e, até à data, uma das melhores comédias de 2015 (senão mesmo a melhor), deliciosamente sofisticada, inteligente e maravilhosamente construída (o argumento escrito a meias pelo cineasta e a sua mulher Louise Stratten, há 15 anos atrás, é uma elaboradíssima teia de referências cinematográficas, situações mais ou menos absurdas e diálogos espirituosos, que prima pela excelência), que partilha do espírito de carrossel de outros filmes seus (como "Que se Passa, Doutor?" e "Romance em Nova Iorque"), colocando Owen Wilson no centro da narrativa cruzada, como um encenador que lança prostitutas para vidas de sucesso. Estranho? De maneira nenhuma, nas mãos do veterano Bogdanovich ganha uma candura e um charme que combinados com a dinâmica citadina de encontros e desencontros nos tomam o gosto de imediato. Além disso, vale ainda a pena notar que estamos perante uma obra que celebra de forma carinhosa e apaixonada a magia e o poder da sétima arte. Irresistível...

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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