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Crítica: "Deadpool", de Tim Miller



Título Original: "Deadpool"
Realização: Tim Miller
Argumento: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Ryan ReynoldsEd SkreinT.J. MillerMorena BaccarinGina Carano
Género: Ação, Aventura, Ficção-Cientifica
Duração: 106 minutos
Classificação Etária: M/14
Data De Estreia (Portugal): 11/02/2016


Os super-heróis são figuras omnipresentes no mercado cinematográfico contemporâneo e, se vamos passar os próximos anos a ver variações do mesmo conceito (por razões mais ou menos óbvias, poucas obras dentro deste subgénero crescentemente popular se irão afastar significativamente dos moldes que já nos são familiares), então é bom que de vez em quando alguém decide surpreender o público com uma abordagem inventiva que nos prove que mesmo num universo desgastado ainda pode haver espaço para inovar. E, não é que é precisamente isso que o estreante Tim Miller faz com "Deadpool"? Se quisermos ser honestos, este é mesmo um daqueles acontecimentos milagrosos que simplesmente não temos o prazer e o privilégio de testemunhar com a frequência devida, ou seja, uma grande produção de estúdio que aposta única e exclusivamente na subversão, resultando numa experiência como nunca antes tivemos, em que um sentido de humor ácido e uma pequena assembleia de excelentes atores (Reynolds como Deadpool tem aquele que será possivelmente o melhor papel da sua carreira) fazem transparecer um bonito sentimento de paixão pelo material em causa. E, diga-se que apesar de um orçamento relativamente baixo (a FOX não quis arriscar muito com um projeto tão ousado), as sequências de ação são ótimas e, claro está moram aqui alguns dos mais inolvidáveis momentos humorísticos dos últimos anos. Só não dizemos que é o clássico de culto de 2016, porque ninguém será capaz de resistir ao peculiar charme de uma do mais inventivo espetáculo que Hollywood nos ofereceu em muito tempo.

8/10
Texto de Miguel Anjos

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