Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Os Últimos na Terra", de Craig Zobel


Título Original: "Z for Zachariah"
Realização: Craig Zobel
Argumento: Nissar Modi
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Margot Robbie, Chris Pine
Género: Drama, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 98 minutos
País: Islândia | Suíça | Nova Zelândia | EUA
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 24/03/2016

Depois do triunfo que foi "Obediência" (que, passou trágica e incompreensivelmente despercebido aquando da sua estreia comercial no nosso país), Craig Zobel regressa, agora, às nossas salas com um filme que o prova definitivamente como um cineasta de indiscutível mestria: "Os Últimos na Terra", um drama complexo e fascinante, cuja narrativa tem lugar num futuro pós-apocalíptico, onde dois homens (a quem Chiwetel Ejiofor e Chris Pine dão corpo de forma eximia) e uma mulher (uma Margot Robbie irrepreensível) se vêm envolvidos num triângulo amoroso regido por forças tão primitivas quanto a própria natureza. Estamos perante, uma obra absolutamente arrebatadora que nos seduz com esta versão modernista de "Adão" e "Eva" num "Jardim do Éden", que exibe esta beleza nua quase idílica de um local místico ansioso por inspirar vida, mas que é ultrajado pelos impulsos selvagens de quem o habita. Em conclusão, temos realizador!

Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)