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Crítica: "Pais e Filhas", de Gabriele Muccino



Título Original: "Fathers and Daughters"
Realização: Gabriele Muccino
Argumento: Brad Desch
Elenco: Russell CroweAmanda SeyfriedAaron PaulDiane KrugerQuvenzhané WallisBruce GreenwoodJane FondaOctavia Spencer
Género: Drama
Duração: 116 minutos
País: EUA | Itália
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 02/06/2016

Gabriele Muccino, cineasta italiano radicado nos EUA, cujo título mais sonante continua a ser o muitíssimo bem-sucedido "Em Busca da Felicidade", continua apostado em tentar ressuscitar a grande tradição do melodrama norte-americano (que, cada vez mais parece ter sido circunscrito ao universo das pequenas produções independentes pela industria) e, para o provar, está aí a sua mais recente longa-metragem: "Pais e Filhas", uma tocante saga familiar, que vai "saltitando" entre o passado e o presente, para contar a história de um pai, romancista de profissão e viúvo de condição, que procura criar a sua filha após ter passado sete meses internado num hospital psiquiátrico, na sequência de um colapso nervoso. Acima de tudo, Muccino é um cineasta que se interessa pelas suas personagens e pelas mais íntimas convulsões das mesmas, encontrando um elemento fundamental no trabalho dos atores e, que atores, em especial, Russell Crowe e Amanda Seyfried, ambos notáveis nos seus papéis. Porém, é mesmo a humanidade e honestidade emocional da história que nos deixam tomados e, que fique bem claro, "Pais e Filhas" é o melhor filme de Muccino.


Texto de Miguel Anjos

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