Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos", de Duncan Jones


Título Original: "Warcraft"
Realização: Duncan Jones
Argumento: Duncan JonesCharles Leavitt
Elenco: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben FosterDominic CooperToby Kebbell
Género: Ação, Aventura, Fantasia
Duração: 123 minutos
País: EUA | China | Canadá
Ano: 2016
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 09/06/2016

De entre os muitos blockbusters que os estúdios norte-americanos reservaram para este verão, "Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos", assinado pelo britânico Duncan Jones (cineasta por detrás dos emblemáticos "Moon - O Outro Lado da Lua" ou "O Código Base"), contava-se claramente entre os mais promissores e, felizmente, não desapontou. Aliás, dir-se-ia, que Jones conseguiu até um pequeno milagre ao pegar num universo tão intrincadamente construído e redimensioná-lo consoante as regras da tragédia. Assim, a história segue um reino onde humanos, elfos, anões e outras criaturas míticas há muito vivem em paz e harmonia. Porém, essa estabilidade é posta em causa por um clã de orcs que depois de verem o seu habitat destruído procuram desesperadamente um novo local para colonizar. Os efeitos visuais são absolutamente irrepreensíveis (os orcs parecem tão ou mais realistas que os próprios humanos) e as sequências de ação de cortar o fôlego (o confronto final, em particular), mas é a capacidade que Jones teve de exaltar os dilemas interiores das suas personagens que se prova como sendo a "arma secreta" do filme, que se prova como mais um excelente título de um verão que, ainda agora começou e já nos deu muito bom cinema.

Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)