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Crítica: "O Homem Que Viu o Infinito", de Matt Brown



Título Original: "The Man Who Knew Infinity"
Realização: Matt Brown
Argumento: Matt Brown
Elenco: Dev Patel, Jeremy Irons, Toby Jones
Género: Biografia, Drama
Duração: 108 minutos
País: Reino Unido
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 14/07/2016


Crítica: Primeira longa-metragem do britânico Matt Brown, "O Homem Que Viu o Infinito" narra a história verídica de Srinivāsa Aiyangār Rāmānujan (brilhantemente encarnado por Dev Patel, novamente a dar provas do seu imenso talento), um génio autodidata oriundo da Índia, que determinado na sua constante busca pelo conhecimento, escreveu uma carta a G.H. Hardy (uma composição verdadeiramente notável de Jeremy Irons), um respeitado professor universitário britânico, que ainda hoje é visto como uma das mais importantes figuras da matemática moderna. Entre os dois, nasceu uma relação de profundo fascínio e, eventualmente, amizade. É uma grande história, que encontrou em Brown um cineasta capaz de lhe conceder toda uma nova dimensão, graças a um trabalho de mise en scène que tem tanto de subtil, como de engenhoso, capaz de nos proporcionar um par de bons momentos de cinema (como o abraço entre os dois protagonistas, que constitui um belo climax emocional). Além disso, Patel e Irons fazem parte daquele restrito grupo de atores possuidores de um invulgar talento, que lhes permite elevar tudo aquilo que fazem. E, é também por eles que vale a pena ver esta fita inspiradora, sobre a busca incessante pela sabedoria.

Texto de Miguel Anjos

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