Uma Noite em Leiria, para ver "A Canção de Lisboa"
Não é surpresa para ninguém que o cinema português não anda bem no que à adesão dos espetadores diz respeito. Porém, às vezes (cada vez mais raras, é certo) verificam-se exceções. E, é exatamente nesse grupo restrito de filmes que se inclui o muito aguardado remake (já agora, quão incrível é que possamos colocar o rótulo de "muito aguardado" a um filme português?) da "Canção de Lisboa", que ontem teve a sua primeira antestreia (chega ao circuito comercial a 14 de Julho), no Cinema City de Leiria (ainda aí vêm mais três em Faro, Tavira e Porto), que acabou com uma longa ovação da parte dos presentes.
E, percebe-se porquê, para já porque o filme em si, se manifesta como uma boa surpresa (claramente, o melhor dos três), com gargalhadas suficientes para encher o serão e, uma estrutura narrativa eficaz e, em segundo, mas não menos importante, porque se trata de um acontecimento deveras invulgar que se saúda e encoraja: uma antestreia de uma fita de produção portuguesa fora de Lisboa. E, aqui sejamos sinceros, a maioria destes filmes nem chegam a passar fora da capital e, quando o fazem é, geralmente, através de sessões isoladas em cineteatros ou de curtas passagens por festivais e/ou mostras. Desta forma, um dos grandes lançamentos comerciais do ano (no que ao cinema nacional diz respeito, será possivelmente a maior), começou a sua carreira pelas salas de forma distinta e bem interessante, aliás, está aqui uma iniciativa que deveria acontecer com mais frequência e, não só com antestreias de grandes lançamentos comerciais, até porque mesmo as fitas de menor dimensão precisam de sair da capital, se quiserem chegar a um maior número de pessoas.
Já no que ao evento em si diz respeito, que começou com uma atuação da Tuna Académica e, prosseguiu com uma sessão de autógrafos e fotografias com os protagonistas, César Mourão e Luana Martau e, o realizador Pedro Varela (que, também fizeram uma pequena, mas bem humorada apresentação antes do início da projeção) parabenizamos a organização por um ótimo serão de celebração do cinema enquanto experiência comunal e, celebração é mesmo o termo correto para descrever o que sucedido, afinal, mais do que uma antestreia, aquilo a que tivemos oportunidade de assistir foi uma autêntica reunião de pessoas de todas as idades que se mobilizaram para um mesmo local, com o simples objetivo de experienciar uma longa-metragem. E, numa altura em que o streaming ou pirataria (de certa forma, até mesmo a própria televisão) ameaçam roubar espetadores às salas, foi uma noite que serviu para nos lembrar que uma sala cheia de gente a viver um filme é uma coisa muito bonita.
Terminamos, por agradecer o convite do Cinema City e desejar muita sorte ao filme no seu percurso pelo circuito comercial.
Texto de Miguel Anjos
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