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Crítica

"Blood Father - O Protetor", de Jean-François Richet


Título Original: "Blood Father"
Realização: Jean-François Richet
Argumento: Peter Craig, Andrea Berloff
Elenco: Mel Gibson, Erin Moriarty, Diego Luna
Género: Ação, Crime, Thriller
Duração: 88 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/16
Data de Estreia (Portugal): 24/11/2016

Crítica: Se cineastas como John Ford ou Sam Peckinpah ainda fossem vivos, seria bastante provável que os víssemos a assinar algo na linha deste "Blood Father", uma irrepreensível fita de ação humanista, que surpreende o seu espetador ao empolgar e comover em igual medida. Nela, acompanhamos a odisseia de John Link (Mel Gibson), um ex-presidiário em liberdade condicional, que põe a vida relativamente pacífica que conseguiu construir para si mesmo no parque de caravanas onde vive em risco para ajudar a filha que mal conhece, a escapar de um grupo de criminosos sanguinários. História simples, que nas mãos de um realizador como Richet se torna num belíssimo conto de redenção, munido de excelentes sequências de ação e de um sentido de humor infalível, que fazem desta uma das maiores e melhores surpresas de 2016. Além disso, já não víamos Gibson tão bem há vários anos.

9/10
Texto de Miguel Anjos

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