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Crítica

"A Encarnação do Mal", de Brad Peyton


Título Original: "Incarnate"
Realizador: Brad Peyton
Argumentista: Ronnie Christensen
Elenco: Aaron Eckhart, Carice Van Houten, Catalina Sandino Moreno, David Mazouz
Género: Terror, Thriller
Duração: 91 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/16
Data de Estreia (Portugal): 29/12/2016

Cruzamento deliciosamente demente entre "A Queda" (nota: o thriller sobrenatural com Denzel Washington e John Goodman, não o drama sobre o Holocausto memoravelmente protagonizado por Bruno Ganz) e "A Origem", a mais recente realização do prolífico Brad Peyton, segue um homem com capacidades sobre-humanas que fazem dele um dos mais temidos exorcistas do planeta, que decide aceitar o caso de um jovem possuído por uma entidade com quem já se havia cruzado no passado. Aaron Eckhart é daqueles atores que nunca falha, independentemente da qualidade do material (mesmo no inarrável "Milagre do Rio Hudson", em que o seu talento aliado a um majestoso bigode eram as únicas coisas capazes de impedir o coitado do espetador de cometer suicídio em plena sala de cinema), e aqui volta em brilhar especialmente graças a um argumento que o coloca no centro de tudo e, lhe oferece material mais do que suficiente para que seja capaz de construir uma personagem que nos prenda aos acontecimentos e, embora ninguém esteja ao seu nível o restante elenco funciona na perfeição. Sendo que no meio disto tudo, quem acaba por surpreender é mesmo Peyton que após dois blockbusters decentes com Dwayne Johnson ("Viagem Ao Centro Da Terra 2: A Ilha Misteriosa" e "San Andreas"), se prova dono de um talento que não lhe conhecíamos para a construção de pequenas sequências de terror (a cena de abertura, por exemplo). Em conclusão, uma bela e inesperada surpresa que serve bem como alternativa aos dramas de fim de ano.

7/10
Texto de Miguel Anjos

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