Crítica: "A Autópsia de Jane Doe", de André Øvredal
Título Original: "The Autopsy of Jane Doe"
Realização: André Øvredal
Género: Terror
Duração: 86 minutos
Distribuição: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/16
Data de Estreia (Portugal): 09/03/2017
Contrariamente ao que muitos possam pensar, o cinema americano contemporâneo não é dominado (comercialmente falando) pelos grandes blockbusters de super-heróis e suas ruidosas campanhas, mas sim por uma vaga de cineastas emergentes com muitas e muito boas ideias para brincar com o terror. Temos visto exemplos muito positivos disso mesmo recentemente e, esta semana tal volta a acontecer com o antecipadíssimo retorno de um nome, que já começa a possuir um certo culto em seu torno, André Øvredal, o norueguês que não filmava há quase uma década (O Caçador de Trolls, a sua brilhante longa anterior data de 2010), conseguiu surpreender novamente com um daqueles acontecimentos que nos fazem acreditar em milagres: A Autópsia de Jane Doe (estreia-se hoje), thriller policial (com elementos sobrenaturais devidamente vincados) de exemplar contenção, onde nos relembram que quando temos um realizador a sério ao leme, três talentosos atores e um cenário apropriadamente evocativo são mais do que suficientes para fazer um excelente filme. Nele, somos conduzidos até uma morgue de uma cidade no interior dos EUA, onde pai e filho (Emile Hirsch e Brian Cox) se preparam para por fim a mais um dia de trabalho, até ao momento em que o xerife local aparece com um cadáver (Olwen Catherine Kelly), que necessita de ser autopsiado o quanto antes. Só que, rapidamente concluem que este corpo esconde segredos obscuros. Øvredal, como o contador de histórias nato que todos sabemos que é, sabe perfeitamente como construir uma certa atmosfera de insegurança, que muito contribui para o clima arrepiante que se sente durante todo o filme e, nota-se a preocupação na hora de construir personagens interessantes, com as quais o espetador sinta suficiente cumplicidade para que se contorça no assento, quando as mesmas ficam presas em situações onde o perigo é constante (e, claro que nesse aspeto ajuda bastante ter atores fabulosos como Hirsch e Cox). Tudo evidências inegáveis de um realizador que se prova como um dos mais interessantes do momento, com esta pequena produção que não pretende reinventar o género, apenas contar uma boa história (onde, convivem mais do que harmoniosamente, os sustos com o humanismo), para tal recorrendo ao estilo de economia narrativa, que nos dias que correm vive quase única e exclusivamente no cada vez mais fascinante mundo do terror.
9/10
Texto de Miguel Anjos
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