Crítica: "Se Deus Quiser", de Edoardo Maria Falcone
Título Original: "Se Dio Vuole"
Realização: Edoardo Maria Falcone
Género: Comédia
Duração: 87 minutos
Distribuidor: Il Sorpasso
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 13/04/2017
Poderá algum espetador português argumentar, baseado apenas no que este nosso circuito comercial lhe providencia, que conhece minimamente o cinema italiano contemporâneo? Não, de maneira nenhuma. Aliás, apesar dos esforços hercúleos de alguns pequenos, mas incansáveis distribuidores locais, continuamos mesmo a receber uma média francamente penosa de 10 estreias anuais. Também, por isso, necessitamos de assinalar cada uma delas de forma acentuada, especialmente, se tiverem o nível de Se Deus Quiser. Primeira longa-metragem de Edoardo Maria Falcone, que corresponde a uma curiosíssima reinvenção de uma tradição cómica, classicamente italiana, que encontra em nomes emblemáticos como Dino Risi ou Mario Monicelli e, dir-se-ia, que o consegue com notável eficácia. Nela, um cirurgião muito respeitado (Marco Giallini) é surpreendido pelo facto de o filho (Edoardo Pesce), anunciar que quer abandonar o curso de medicina e, tornar-se padre. Ateu para lá de convicto, o pai sente-se obrigado a encontrar o sacerdote que inspirou o seu filho e, se possível, desacreditá-lo. Um ponto de partida mais ou menos anedóctico, que Falcone usa para criar uma rica e desmesuradamente hilariante, tapeçaria de momentos humorísticos, que fazem rir (e muito) sem nunca perder um sentido de verosimilhança, que nos mantem próximos das várias atribulações destas personagens. Enfim, um extraordinário exemplar de um cinema europeu de raiz profundamente popular, que valia mesmo a pena ter maior exposição num mercado, onde ainda se nota uma enorme falta de diversidade, no que aos grandes lançamentos diz respeito. Por agora, fica dito que numa Páscoa, onde abundaram apostas na área da comédia, esta é mesmo a melhor.
9/10
Texto de Miguel Anjos
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