Crítica: "Sonhos Cor-de-Rosa", de Marco Bellochio
Título Original: "Fai Bei Sogni"
Realização: Marco Bellochio
Género: Drama, Romance
Duração: 134 minutos
Distribuidor: Alambique
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 06/04/2017
Marco Bellochio é um dos mais celebrados cineastas contemporâneos, porém isso parece não ser suficiente, para que o nosso mercado estabeleça uma relação minimamente regular com a sua filmografia. Afinal, se formos olhar para o seu ilustre currículo, não demoramos a perceber que muitos dos seus títulos mais icónicos, ficaram por estrear (é o caso de, por exemplo, I pugni in tasca) e, prova disso é que entre esta sua obra mais recente e, a última a ter honras de estreia em sala no nosso país (Vencer, em 2008), o incrivelmente prolifico cineasta italiano assinou outras três, que se perderam (embora, duas delas tenham passado em festivais nacionais). E, mesmo que tamanha situação seja um tanto ou quanto penosa, importa sempre celebrar as raras ocasiões, onde de facto temos o imenso prazer de receber uma fita sua, como acontece neste preciso dia, em que a Alambique (extraordinária como sempre) nos trouxe este belíssimo Sonhos Cor-de-Rosa. Um melodrama tocante e deveras contundente, baseado num romance autobiográfico do jornalista Massimo Gramellini (um enorme sucesso em Itália), o veterano intercala a infância, a adolescência e a idade adulta do seu protagonista (eximiamente interpretado por Valerio Mastandrea), construindo uma odisseia intima, marcada pela violência interior, que comove sem nunca cair na armadilha dos sentimentalismos fáceis e, nos abarca neste universo romanesco, através da evocação de uma nostalgia, inerentemente melancólica que rapidamente se torna palpável. Ou seja, grandioso acontecimento cinematográfico, que nos faz desejar que o reencontro com este maravilhoso cineasta não demore.
9/10
Texto de Miguel Anjos
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