Crítica: "A Cabana", de Stuart Hazeldine
Título Original: "The Shack"
Realização: Stuart Hazeldine
Género: Drama, Fantasia
Duração: 132 minutos
Distribuidor: PRIS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 20/04/2017
Um homem recebe um misterioso bilhete, que o convoca a regressar à cabana onde foram encontradas as roupas ensanguentadas da sua filha que, fora dada como desaparecida uns anos antes e, provavelmente assassinada. E, quem achar que essa sinopse manifestamente enigmática corresponderá a um thriller inquietante, situado num universo onde elementos sobrenaturais espreitam (e, com uma premissa assim, não seria um assunção sem sentido), desengane-se porque, aquilo que o britânico Stuart Hazeldine (curiosamente, um cineasta vindo do cinema de terror) concebeu neste pequeno filme, que conseguiu resultados muito interessantes nas bilheteiras norte-americanas, foi isso sim um melodrama profundamente enraizado no catolicismo (temática crescentemente mais popular num certo cinema norte-americano), que surpreende pela sua honestidade. É que, convenhamos, não será, de modo algum, fácil construir uma narrativa com estas "amarras", afinal, se encenar as complexas relações entre o humano e o divino já consiste num desafio considerável, então como tirar daí uma fita capaz de apelar a um público que não seja já crente? Pois bem, mesmo tendo em conta, que Hazeldine nem sempre encontra uma resposta correta para essa questão (de vez em quando, resvalando para a propaganda religiosa de forma simplista), é necessário reconhecer que o cineasta vai mantendo um humanismo sereno e francamente comovente. Desta forma, A Cabana consegue mesmo transcender as suas origens um tanto ou quanto propagandísticas, para se tornar numa jornada de redenção e perda, muito bem construída, que é elevada por um trabalho de argumento superlativo (nome fundamental do panorama independente contemporâneo, Destin Cretton trabalhou no argumento e, a sua influência é notória) e, por um elenco em topo de forma (Worthington, nunca esteve melhor). Houvesse mais contenção, em certas alturas e, talvez estivesse aqui um grande filme.
6/10
Texto de Miguel Anjos
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