Crítica (IndieLisboa 2017): "Golden Exits", de Alex Ross Perry
Título Original: "Golden Exits"
Realização: Alex Ross Perry
Argumento: Alex Ross Perry
Género: Drama
Duração: 94 minutos
Oriundo dos recantos mais independentes da cinematografia norte-americana (os mesmos onde habitam nomes como Antonio Campos, Sean Baker ou os irmãos Safdie), Alex Ross Perry (um habitué do IndieLisboa), que mesmo no seu país natal, continua a ser um "autor de nicho", ressurge com uma quinta longa-metragem, que pode muito bem garantir-lhe o estatuto de um Woody Allen para os anos 2000. Claro está, que já estivemos nesta mesma posição com Noah Baumbach há uns anos atrás, mas com Golden Exits, penetramos com clareza no território, por onde Allen se movimentou nos anos 70 e 90: o microcosmos dos intelectuais urbanos, eloquentes e elegantes, com uma opinião sobre tudo o que os rodeia, que nunca demonstram, no entanto, capacidade ou vontade, para resolverem os problemas emocionais, que os assolam. Basicamente, um fascinante caleidoscópio de pontos de vista em constante rotação, que utiliza uma jovem australiana, a trabalhar como estagiária para um arquivista nos Estados Unidos, como catalisadora de uma crise de meia-idade, que se vai adensando durante uns enigmáticos 94 minutos, onde um humor desconfortável (bem ao estilo do que este autor nos habituou) se cruza com uma melancolia cerrada, que nunca se dissipa, mais se intensifica, com a ajuda preciosa de uma banda-sonora delicadamente assombrosa assinada por Keegan de Witt e, pelos tons primaveris (reminiscentes da nova Hollywood) da cinematografia de Sean Price Williams.
10/10
Texto de Miguel Anjos
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