Crítica: "O Muro", de Doug Liman
Realização: Doug Liman
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, John Cena, Laith Nakli
Género: Thriller
Duração: 90 minutos
Distribuição: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 22/06/2017
Quando falamos nos mais importantes cineastas norte-americanos vivos, nem sempre nos lembramos de Doug Liman, mas fazemos mal, porque ele representa mesmo um dos cada vez mais raros nomes, capazes de trabalhar em produções de grande orçamento no interior dos maiores estúdios e, em pequenos títulos mais pessoais (e, claro está, construídos com recursos consideravelmente mais escassos), com resultados consistentemente fascinantes. Afinal, são suas, obras simultaneamente tão díspares e curiosas, como o primeiro capítulo da saga Jason Bourne (que, é também de longe o melhor, aproveitando uma premissa bem enigmática e, evitando o constante aparato, que Paul Greengrass, autor das sequelas, tanto gosta), o deliciosamente subversivo No Limite do Amanhã ou, o clássico indie, Swingers. Agora, redescobrimo-lo, meses antes do lançamento de um novo filme (American Made: O Sonho Americano, com Tom Cruise, que chegará aos nossos ecrãs, no final de Agosto), com um thriller minimalista, filmado independentemente, com uns económicos 3 milhões de dólares (especialmente, para os luxuosos padrões da indústria contemporânea), no qual dois soldados, numa missão em deserto iraquiano, são atacados por um sniper enigmático. Concentrando todos os acontecimentos num cenário único e, confiando num muito sólido trio de atores (Aaron Taylor-Johnson, em particular, continua a surpreender), munidos de bons diálogos e personagens meticulosamente construídas, Liman consegue elaborar uma belíssima parábola sobre a guerra, em que a violência parece emergir como um revelador das semelhanças e diferenças entre inimigos, num conflito em que, a bem dizer, ninguém parece acreditar. Que, no processo, faça também um thriller densamente empolgante, com reminiscências de gente como Kathryn Bigelow e Don Siegel, apenas nos convence ainda mais, que esta é uma das estreias definitivas do ano e, uma que não merece ser "engolida" pela avalanche dos blockbusters de verão.
9/10
Texto de Miguel Anjos
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