Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "O Guarda-Costas e o Assassino" ("The Hitman's Bodyguard"), de Patrick Hughes



Patrick Hughes é muito claramente um apaixonado pelo cinema de ação clássico dos anos 80/90, permanentemente tentando incorporar elementos dos mais emblemáticos filmes do período em questão, nos seus. No entanto, nem sempre o tem conseguido fazer da maneira mais consistentemente interessante e, nesse sentido, O Guarda-Costas e o Assassino (em estreia, esta semana) quase parece assumir-se como uma tentativa de alcançar "redenção" aos olhos dos fãs do género, que encararam a sua última realização como uma gigantesca desilusão (falamos obviamente do subvalorizado Os Mercenários 3). E, aqui valerá a pena não entrarmos com ilusões, não estamos perante um objeto cinematográfico fascinante ou revolucionário, apenas uma simpática comédia de ação, elevada por uma belíssima dupla de atores, Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, que partilham uma química quase tangível e possuem o carisma necessário, para carregar uma fita como estas "às costas". Isto, aliado a um sentido de humor permanentemente eficaz e, um par de impressionantes sequências, especialmente uma situada numa loja de ferragens, extraordinariamente coreografadas e, temos uma excelente filme pipoca para fechar o verão em beleza.


Realização: Patrick Hughes
Argumento: Tom O'Connor
Género: Comédia, Ação

Duração: 118 minutos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)