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A mostrar mensagens de outubro, 2017
"Amor de Improviso" ("The Big Sick"), de Michael Showalter Demorou meses, mas finalmente está aí o filme independente, que conseguiu tornar-se num pequeno fenómeno, no contexto do verão americano. E, constitui mesmo um dos mais bonitos acontecimentos deste Outubro. Uma autobiografia, em contagiante jeito de comédia romântica, sobre o comediante Kumail Nanjiani e, dos seus esforços para manter um romance com uma americana, que a sua família paquistanesa, não encarava com bons olhos. Nanjiani e, a entretanto mulher Emily V. Gordon, assinam um belíssimo argumento, onde um sentido de humor inteligente e adulto, vai fluindo naturalmente das situações em causa, sem esquecer os elementos mais “dramáticos”, que as marcam. E, Showalter, que é um dos melhores e mais subvalorizados autores do momento (com uma carreira longuíssima e, um currículo inatacável, onde quase só encontramos pequenos clássicos de culto), sabe filmar as suas palavras, com uma dignidade humanis
"Thor: Ragnarok", de Taika Waititi Nunca tivemos um filme minimamente interessante sobre o Deus do Trovão. Sim, os dois títulos anteriores possuíam uma competência notória e, Hemsworth compôs um super-herói carismático e cativante. No entanto, os cineastas (Kenneth Branagh e, o sempre horrendo Alan Taylor) falharam em ambos os casos. Como tal, aquilo que o neozelandês Taika Waititi conseguiu com este belíssimo terceiro capítulo, apresenta-se quase como uma “revelação”. E, escolhemos empregar este termo mais ou menos espampanante, porque ao desviar permanentemente os acontecimentos da seriedade do comum e, abraçar sem reservas algumas um tom descomplexado e despretensioso de comédia extravagante, Waititi compôs um imponente espetáculo pipoqueiro, que se devora sem sentimentos de culpa. Ora e, providenciando uma sempre útil dose de contexto, em “Thor: Ragnarok” encontramos o nosso herói, aprisionado num pouco ou nada acolhedor planeta, liderado por um ditador estrambó
Destaque da Semana (26/10/2017-31/10/2017): "Amor de Improviso" ("The Big Sick"), de Michael Showalter
"The House That Jack Built", de Lars Von Trier
"O Boneco de Neve" ("The Snowman"), de Tomas Alfredson Todo o romancista de policiais tem o seu emblemático inspetor. Jo Nesbø tem Harry Hole, um detetive sueco, com problemas de sono e alcoolismo, que apesar das muitas imperfeições que o tornam num ser humano altamente instável, consegue encontrar assassinos em série como ninguém. Agora, um conjunto de ilustres, onde se destacam os nomes de Tomas Alfredson (como cineasta), Martin Scorsese (assumindo funções de produtor executivo) ou Michael Fassbender (interpretando Hole) juntou esforços para transformar o sétimo thriller, enraizado no universo obscuro do herói lacónico e solitário, que resolve crimes nas paisagens geladas da Noruega. Aqui, há um serial killer insidioso, que persegue e desmembra mulheres, deixando para trás um boneco de neve sorridente… Muitíssimo sugestivo ponto de partida, que o sempre fascinante Alfredson (lembremos os extraordinários “Deixa-me Entrar” e “A Toupeira”) torna num thrille
"O Castelo de Vidro" ("The Glass Castle"), de Destin Daniel Cretton Destin Daniel Cretton já nos havia seduzido com o charmoso “I Am Not A Hipster” e, comovido com o realismo contundente de “Temporário 12”. Agora, reencontra-se com a sua musa, Brie Larson, num melodrama humaníssimo, que funciona também como um bonito retorno ao tema, que sempre assumira contornos centrais nesta sua pequena filmografia: a dureza da infância, num contexto agreste. Desta feita, tendo como base a autobiografia de Jeannette Walls (interpretada por Ella Anderson, Brie Larson e Chandler Head, em diferentes períodos), uma colunista de mexericos nova-iorquina, que cresceu no seio de uma família nómada, com um patriarca alcoólico e uma mãe constantemente perdida no seu pequeno e pretenso mundo. Daniel Cretton acompanha e retrata as muitas peripécias do clã Walls, permanentemente cruzando aquele realismo dos seus títulos anteriores, com um sentimento de onirismo, que vai penetrando
"The Killing of a Sacred Deer", de Yorgos Lanthimos     
"Porto", de Gabe Klinger Bonito conto de cândido e comovente romantismo antiquado. Klinger continua o seu percurso como cineasta, através das memórias melancólicas de um instante perdido no tempo. Jake (Anton Yelchin) é americano, Mati (Lucie Lucas) francesa e, ambos residem no Porto. Ele trabalha numa escavação local. Ela prossegue os seus estudos numa universidade na invicta. Certo dia, os seus olhares cruzam-se e, apaixonam-se perdidamente. No entanto, rapidamente percebemos que este romance corresponde apenas a um momento fugaz… Quem conhecer o título anterior do crítico brasileiro tornado cineasta (“Jogo Duplo: Richard Linklater e James Benning”), poderá sentir a tentação de fazer comparações à emblemática trilogia “Before”, mas neste “Porto” sentimos uma angústia latente, que o texano Linklater nunca abraçou por completo. Aliás, se quisermos traçar paralelismos, o mais correto seria mencionar James Gray, outro cinéfilo classicista (porém, inovador nesse clas
Destaque da Semana: "O Castelo de Vidro" ("The Glass Castle"), de Destin Daniel Cretton
"I, Tonya", de Craig Gillespie
Crítica: "O Estrangeiro" ("The Foreigner"), de Martin Campbell Quan é um homem humilde. Dono de um restaurante num bairro chinês, numa zona central da Londres contemporânea. Uma vida aparentemente normal, portanto. No entanto, quando a filha é assassinada, num atentado assinado por bombistas, que se assumem como um regresso aos tempos do IRA, um passado sombrio, marcado por tragédias pessoais e treinos militares, volta à tona. De forma algo esquemática, assim podemos descrever a premissa da mais recente longa-metragem do britânico Martin Campbell (autor do melhor James Bond, “Casino Royale”), na qual deparamos com uma belíssima subversão dos habituais clichés dos heróis lacónicos envelhecidos (em anos recentes, o subgénero tem crescido compulsivamente, como bem saberemos). É que, “O Estrangeiro” não é só mais um filme de vingança corriqueiro, mas sim uma experiência implacavelmente intensa, alternando entre os corredores labirínticos do poder (personificad
"The New Mutants" ("Os Novos Mutantes"), de Josh Boone
Crítica: "Os Fantasmas de Ismael" ("Le Fantômes d 'Ismaël"), de Arnaud Desplechin Arnaud Desplechin sempre procurou compor uma cinematografia em permanente diálogo consigo mesmo. E, “Os Fantasmas de Ismael” não funcionará como uma exceção. Tendo no centro dos acontecimentos um cineasta, que muito claramente se vai assumindo como um equivalente ficcional para o seu autor (um alter-ego se quisermos) e, cruzando muitas e variadas referências já clássicas da sua obra (sejam personagens omnipresentes como o caso de Dédalus ou Bloom ou inspirações literárias como James Joyce). Assim, seguimos as muitas atribulações do Ismael titular, à medida que tenta finalizar um thriller classicista sobre espiões e, lida com o regresso misterioso de uma mulher, que muito amou (e, ainda ama), mas não via há 20 anos… Como sempre, encontramos aqui uma narrativa, que será sempre infinitamente mais sedutora para os que já conhecem intimamente o trabalho deste autor gaulês, os
Destaque da Semana: "O Estrangeiro" ("The Foreigner"), de Martin Campbell
"Justice League" ("Liga da Justiça"), de Zack Snyder
"Pacific Rim: Uprising" ("Batalha do Pacífico: A Revolta"), de Steven S. DeKnight
Crítica: "Blade Runner 2049", de Denis Villeneuve Villeneuve convence-nos desde “Incendies: A Mulher Que Canta”. E, de um cineasta que conseguiu conceber acontecimentos como “Raptadas” ou “Sicario”, não podíamos nunca esperar pouco. No entanto, mesmo para um autor de tamanho talento, continuar a história começada por Ridley Scott no justamente icónico “Blade Runner”, aparentava mesmo ser uma daquelas tarefas ingratas, que pouquíssimas hipóteses teriam de correr bem (não será descabido, mencionar que se assumem perguntas similares a “Como continuar um mundo tão intrinsecamente complexo quanto este?”). Só que, Villeneuve é mesmo um mestre em completo domínio do seu métier e, ao recuperar os temas e a subversão do original (afinal, falamos de um filme, que começava por nos apresentar a um herói lacónico, que perseguia criminosos com uma arma futurística, só para depois nos levar a reconsiderar essas ideias de “heroísmo” e “vilania”) e, enquadrando-os num contexto, qu
Destaque da Semana: "Blade Runner 2049", de Denis Villeneuve
"Roman J. Israel, Esq.", de Dan Gilroy
"Wonder Wheel", de Woody Allen