Crítica: "Tempo de Recomeçar" ("The Bachelors"), de Kurt Voelker
Em tempos dominados por blockbusters
vistosos, acompanhados por campanhas de marketing francamente ruidosas, ainda
haverá espaço para um acontecimento tão discreto como este? Enfim, os
resultados nas bilheteiras podem andar prontos para provar que não, mas
importará sinalizar o lançamento de uma fita assim tão charmosa e simples.
“Tempo de Recomeçar”, de Kurt Voelker, não vem oferecer sequências de ação
imponentes, efeitos visuais de encher o olho ou, uma narrativa com reviravoltas
de deixar o espetador com um torcicolo, no entanto, é um conto humanista, sobre
emoções complexas que nunca tenta simplificar as situações em que as suas personagens
se veem envolvidas. Nele, acompanhamos um pai e filho em luto, que se mudam
para o outro lado do país, onde o primeiro conseguiu um emprego, graças a uma
amizade de longa duração com o reitor de uma prestigiada escola privada. Uma
vez lá, ambos conhecem mulheres igualmente atormentadas, com quem iniciam
relações mais ou menos intimas, que surgem quase como uma espécie de começo de
um processo de recuperação que tardou em ser iniciado. No entanto, numa
situação assim tão difícil, não existem exatamente soluções fáceis. Voelker,
que anteriormente havia trabalhado maioritariamente em fitas pensadas para
públicos mais infantis, surpreende ao conceber uma trama matura, que sem abusar
dos sentimentalismos, retrata de forma comovente e pensativa a realidade de uma
série de situações, que provavelmente não vemos tanto quanto devíamos no grande
ecrã, como o luto, a solidão ou a desagregação progressiva e destrutiva de
laços familiares. E, que o faça com melancolia honesta e um sentido de humor
gentil (além de um imperial J.K. Simmons), só abona a seu favor.
Realização: Kurt Voelker
Argumento: Kurt Voelker
Elenco: J.K. Simmons, Julie Delpy, Josh Wiggins, Odeya Rush
Género: Comédia,
Drama
Duração:
99 minutos
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