Crítica:
"15:17 Destino Paris"
Eastwood completará 88 anos dentro de poucos
meses. No entanto, o envelhecimento não o impediu na hora de reinventar a sua filmografia.
Principalmente, através de contos reais, sobre pessoas banais, que realizaram
proezas extraordinárias, em situações incomuns. Ora “Milagre no Rio Hudson”, a
sua tentativa anterior de o fazer, era francamente humilhante, limitando-se a
reduzir uma história insuficiente (na óbvia ausência de matéria para encher 90
minutos, o argumento inventava uma perseguição mediática rocambolesca) a um
vazio e entediante desastre cinematográfico, mas, “15:17 Destino Paris” é uma
experiencia bem diferente e, muito mais desafiante. Trata-se de uma recriação das
vidas de Alek Skarlatos, Spencer Stone e Anthony Sadler, três amigos americanos,
dois militares de licença e, um estudante universitário, que impediram um
atentado terrorista num comboio, durante uma viagem de férias ao continente
europeu. Feito, obviamente, admirável, que Eastwood viu como uma oportunidade
de empregar uma estratégia deveras curiosa: utilizar os próprios heróis como
atores, ao invés de contratar profissionais para o fazerem. E, de facto, as
suas interpretações contidas, humildes e sinceras, demonstram um empenho
comovente, numa fita digna e eloquentemente corriqueira, com um invulgaríssimo
sentido de economia (uns impressionantes 94 minutos são suficientes para
Eastwood) e, uma das mais estonteantes sequências da carreira do cineasta (o
ataque ao comboio é implacavelmente intenso), que só peca mesmo por um
argumento demasiado desequilibrado, que nem sempre consegue manter diálogos ao
nível da realização.
Realização: Clint Eastwood
Argumento: Dorothy Blyskal
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