Crítica: "Bullet Head: O Último Golpe"
Infelizmente, as lutas
de cães são uma realidade. No entanto, só muito raramente vemos cineastas
ousados a ponto de as abordarem nos seus filmes. E, convenhamos, é francamente
penoso que assim seja, uma vez que o cinema permanece como uma importante
ferramenta informativa, podendo trazer para a ordem do dia tem áticas que continuamos
a encarar como tabus. Nesse sentido, importará realçar o trabalho do americano
Paul Solet, que escolheu encenar este pequeno conto sobre as complexas relações
entre humanos e cães, em estilo de thriller policial à moda antiga.
Essencialmente, seguimos um trio de assaltantes, que se refugiam no interior de
um armazém aparentemente abandonado, depois de um golpe mal-sucedido, que
culminou no falecimento de um quarto membro. O problema é que naquela mesma
infraestrutura decrépita, ainda reside um perigoso pitbull, violentamente
treinado para os horrores das lutas de cães, que ali tinham tido lugar na noite
anterior… Os acontecimentos que se sucedem, vão sendo astutamente divididos
entre a perspetiva dos protagonistas e do cão em causa (em múltiplas ocasiões
estamos mesmo a acompanhar a narrativa, pelo seu olhar), que mesmo
representando um a ameaça nunca é retratado como um vilão, ao invés assumindo o
papel de uma figura trágica, irreversivelmente marcada por anos de profundos
abusos. Desta for ma, o que poderia ser meramente uma repetição cansada dos
moldes inventados por “Cujo”, acaba por se transformar num olhar duro e
comovente, que tem tanto de thriller psicológico como melodrama à antiga.
Realização: Paul Solet
Argumento: Paul Solet
Elenco: Adrien Brody, Antonio Banderas, John Malkovich, Rory Culkin
Género: Thriller
Duração: 93 minutos
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