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Crítica: "Vingadores: Guerra do Infinito"


Aqui temos um acontecimento cultural e financeiro (olhemos para as incontáveis lotações esgotadas, que se verificaram neste dia 25 de Abril), cujo sucesso ou falhanço dependerá unicamente das expectativas criadas em seu torno. Afinal, estamos mesmo perante, o mais ansiosamente antecipado lançamento do ano, capaz de mobilizar impressionantes legiões de fãs, que durante os últimos meses não pararam de especular sobre o que poderia passar-se neste novo capítulo, o primeiro de dois que simbolizarão o culminar dos primeiros dez anos do universo cinematográfico da Marvel. Também, por isso, corremos sempre o risco de revelar demasiado acerca de tamanho colosso, ao tentar escrever sobre ele e, como tal, o melhor será mesmo procurar refugio na vagueza, adiantando apenas que ao aceitarem a intimidante tarefa de coordenar tantas personagens numa narrativa comum, os irmãos Joe e Anthony Russo propuseram-se a completar uma missão aparentemente impossível e, os resultados, mesmo que imperfeitos, são francamente espantosos. Apoiando-se sempre nos seus impecáveis atores e num clima de permanente tensão, permeado por camadas de fino humor (existem inúmeros momentos destinados a viver eternamente num YouTube perto de si), que comprovam que é mesmo possível fazer entretenimento escapista de qualidade, que possua ritmo e adrenalina e evite cair nos mais rotineiros clichés do género.
Realização: Anthony Russo, Joe Russo
Género: Ação, Aventura
Duração: 159 minutos

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