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A mostrar mensagens de maio, 2018
Crítica: "A Melodia" O cinema existe também como um espelho do meio em que é concebido. Seja de maneiras mais cómicas ou dramáticas, realistas ou fantasiosas, refletindo as preocupações que mais nos inquietam atualmente. Assim sendo, caso queiramos seguir essa linha de pensamento, podemos mesmo concluir, que para melhor entendermos os assuntos que marcam a ordem do dia noutros países, talvez, possamos simplesmente ver os seus filmes. Um bom exemplo disso mesmo, será a continuada obsessão de algum cinema francês com a educação, que do terror ( “Madame Hyde” ) ao drama ( “A Turma” , “Uma Turma Difícil” ), passando pela comédia ( “Os Profs” ), parece assumir-se como uma presença temática omnipresente, naquela que permanece uma das mais importantes cinematografias mundiais. Ora, “A Melodia” conta-se como um novo capítulo nessa riquíssima tradição. Desta feita, o argumentista e cineasta Rachid Hami inspirou-se em relatos reais de crianças de bairros desprivilegi
Destaque da Semana: "A Melodia" Realização: Rachid Hami Argumento: Rachid Hami ,  Guy Laurent , Valérie Zenatti Elenco:  Kad Merad , Samir Guesmi , Alfred Renely
Crítica: "Submersos" Wenders permanece um autor francamente incomum. Um humanista confesso, possuidor de marcas pessoalíssimas, que atravessam toda a sua filmografia e, de um sentido de independência que lhe permite continuar alheio a “modas” passageiras e clichés redundantes. Exemplo disso mesmo, é a sua mais recente longa-metragem, “Submersos”, adaptação gentil de um romance do escocês J.M. Ledgard, que encena o romance silencioso entre duas almas solitárias, que relembram os breves momentos que passaram juntas, quando confrontadas com a iminência da morte. Ambas as personagens, partem em missões até lugares de tal modo distantes, que quase apetece fazer referência a um dos mais conhecidos títulos do cineasta alemão, e argumentar que rumam “Até ao Fim do Mundo”. E, é precisamente nessa paixão assolapada por um certo idealismo romântico, sempre assombrado por temas inquietantes que marcam constantemente a nossa atualidade (o terrorismo, sendo um exemplo óbvio). No
Crítica: "Godard, O Temível" Como filmar Godard? Afinal, quando falamos do franco-suíço, evocamos mesmo o nome de um dos mais emblemáticos e influenciais autores de toda a história do cinema. Porém, importará não esquecer também, que o autor de clássicos intemporais como “O Desprezo” e “O Acossado”, é uma personalidade manifestamente controversa, que quase parece preferir existir à margem do mundo, mantendo um estatuto de quase reclusão, que contrasta, quase ironicamente, com a sua obsessão por um cinema pensativo, que existe como um reflexo melancólico sobre o nosso “aqui e agora”. Nesse sentido, torna-se impossível resistir aquilo que Hazanavicius nos propõe em “Godard, O Temível”, uma suculenta sátira centrada no casamento deste com Anne Wiazemsky, que captura os anos que corresponderam a um período crítico no seu percurso como cineasta, sob uma ótica de comédia burlesca. O resultado é um filme assumidamente “pop”, que visualmente traz memórias dos tempos mais fes
Crítica: "Como Falar com Raparigas em Festas" John Cameron Mitchell é um dos mais interessantes e incomuns autores contemporâneos, e “Como Falar com Raparigas em Festas” é a prova definitiva disso mesmo. Uma comédia romântica sobre o primeiro amor, com uma energia genuinamente punk muito comovente, que nos transporta até à Inglaterra dos anos 70, quando um jovem terráqueo (uma surpresa chamada Alex Sharp) se apaixona por uma rapariga alienígena (Elle Fanning, sempre uma presença impressionante), que visita uma pequena vila britânica com o seu séquito. Quem conhecer o cinema do americano, saberá também acerca do prazer que o mesmo nutre por retratar o quotidiano de outsiders, gente que simplesmente não consegue encontra um lugar para si mesmo no mundo. Temáticas fundamentais que voltam a manifestar-se numa jubilosa homenagem ao cinema como fábrica de artifícios, no processo, reconfirmando o nome de Cameron Mitchell como um humanista confesso, capaz de conservar um
Destaque da Semana: "Como Falar com Raparigas em Festas" Realização: John Cameron Mitchell Argumento:  Philippa Goslett , John Cameron Mitchell Elenco: Alex Sharp , Elle Fanning , Nicole Kidman
Crítica: "O Segredo da Câmara Escura" Jean e Stéphane aparentam ser homens completamente diferentes. O primeiro é um jovem pouco ambicioso, que vive à custa de biscates ocasionais. O segundo, é um artista respeita do, cujo quotidiano vai sendo ocupado por sessões fotográficas “cerimoniais” com a filha, de tal maneira obsessivas e ritualizadas, que quase parecem assemelhar-se a uma espécie de masoquismo. No entanto, ambos partilham uma semelhança fundamental, nomeadamente, uma relutância absoluta em aceitar a mudança dos tempos, em abandonar um passado que não voltará nunca. E, é precisamente aí, que encontramos o coração deste extraordinário filme do nipónico Kiyoshi Kurosawa. Novamente, a encenar contos subtilmente fantasmagóricos, onde o quotidiano dos humanos vai ser interrompido por projeções físicas dos males que os atormentam, neste caso, o romantismo nostálgico destes dois seres, que lenta mente enlouquecem. Claro está, que rigorosamente nada disto funcionaria
Crítica: "Nunca Estiveste Aqui" Há realizadores que se limitam a contar histórias. Outros fabricam experiências imersivas, ancoradas em universos de tal modo concretos, que quase parecem conseguir “engolir” o próprio espetador. Ora, é nessa mesmíssima categoria, que encontramos a escocesa Lynne Ramsay, aqui a encenar um inquietante mergulho profundo na mente solitária de um assassino existencialista e suicida. Chama-se Joe (Joaquin Phoenix), é um ex-militar, e durante uns económicos e canónicos 90 minutos, vamos lentamente percorrendo os mais obscuros recantos da sua alma atormentada. Sob o manto de um sanguinolento neo-noir , a cineasta concebe uma fascinante releitura do thriller, algures entre o onirismo de um “Debaixo da Pele” e o contundente realismo de “The Florida Project”, capaz de nos submergir num inferno terreno inescapável, perfeitamente personificado pela impressionante tour de force de um Phoenix animalesco, a transmitir o infindável tormento da sua
Destaque da Semana: "Nunca Estiveste Aqui" Realização: Lynne Ramsay Argumento: Lynne Ramsay Elenco: Joaquin Phoenix , Ekaterina Samsonov , Alessandro Nivola
Crítica: "Cuidado com a Mamã e o Papá" Bryan Taylor sempre demonstrou um talento muito curioso para a criação de personagens e situações mais ou menos bizarras, que se vão desenvolvendo de maneiras sempre pouco usuais a um ritmo frenético. No entanto, aos seus títulos anteriores, faltava uma execução tão inspirada como os sugestivos pontos de partida. Ora, o mesmo não pode ser dito acerca deste “Cuidado com a Mamã e o Papá”, que começa por nos introduzir a um subúrbio norte-americano afluente, povoado quase unicamente por burgueses desiludidos com a vida, onde um fenómeno inquietante, começa a causar nos habitantes uma necessidade histérica de assassinar os seus próprios filhos. Nas mãos de alguém com menos controlo tonal, estariam reunidos todos os elementos necessários para um absoluto desastre, no entanto, Taylor sabe exatamente o que quer e, o resultado é uma diabólica e grotesca metáfora sobre a aniquilação da família nuclear americana, acompanhada pela diss
Crítica: "Anon" O neozelandês Andrew Niccol permanece interessado em repensar as muitas ramificações das interações entre humanos e máquinas. Por outras palavras, um autor possuidor de uma visão muito característica, que sempre encarou o cinema de género como uma plataforma para falar sobre o nosso “aqui e agora”. Tal abordagem repete-se em “Anon”, melancólico mergulho no seio de uma sociedade futurista, onde o surgimento de novos métodos de vigilância praticamente removeu o crime do quotidiano, mas, no processo, condenou também a privacidade dos seus cidadãos ao esquecimento. Como habitual no trabalho de Niccol, a narrativa nunca sente a necessidade de recorrer aos clichés do costume, nem de fabricar situações propicias à inclusão de sequências de ação (como tanto acontece na ficção-cientifica contemporânea), ao invés preferindo focar-se nos olhares desolados e maneirismos subtis dos seus protagonistas. Eis que, num panorama saturado dos mais variados excessos,
Destaque da Semana: "Anon" Realização: Andrew Niccol Argumento: Andrew Niccol Elenco: Clive Owen, Amanda Seyfried, Colm Feore
Primeiras Imagens: "O Predador" Realização: Shane Black Argumento: Shane Black, Fred Dekker Elenco: Sterling K. Brown, Boyd Holbrook, Trevanthe Rodhes
Crítica: "Um Lugar Silencioso" Como encenar um contundente melodrama familiar no século XXI? Então e um conto de terror apocalíptico? Segundo Krasinski, fundindo-os. O resultado é uma das experiências cinematográficas mais entusiasmantes de 2018, cruzando dois dos géneros mais estafados e pejados de clichés do panorama contemporâneo, para originar uma empolgante odisseia de sustos e suspense, algures entre Hitchcock e Carpenter. Basicamente, o mundo tornou-se num local inóspito, quando monstros que comunicam entre si exclusivamente pelo som e possuem um requintado aparelho auditivo, que lhes permite detetar o paradeiro das suas presas ao menor ruído. Assim sendo, a única maneira de sobreviver, é construir uma vida no silêncio, constantemente evitando a reprodução dos mais discretos sons. Para famílias como os Abbott, que conseguiram escapar aos primeiros confrontos com os mutantes em questão, o quotidiano tornou-se num sem fim de preocupações e praticas, especific
Destaque da Semana: "Um Lugar Silencioso" Realização: John Krasinski Argumento: Bryan Woods , Scott Beck Elenco: John Krasinski , Emily Blunt , Millicent Simmonds , Noah Jupe