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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019
"Bucha & Estica", de Jon S. Baird Campeões de bilheteira entre os anos 20 e 40. Oliver Hardy e Stan Laurel, chegaram mesmo a ser as personalidades que mais pessoas conseguiam convencer a abandonar o conforto caseiro para visitar a sala de cinema mais próxima. No entanto, esse sucesso não lhes permitiu uma velhice desafogada. Porquê? Pois bem, porque os direitos dos seus filmes pertenciam ao produtor Hal Roach, responsável por juntar o duo, que nunca lhes providenciou um centavo dos rendimentos das aventuras cinematográficas das personagens que os portugueses ficaram a conhecer como Bucha & Estica. É aí, no ocaso das suas carreiras, com Ollie a começar a sofrer de sérios problemas de saúde, que o argumento de Jeff Pope os vai encontrar. Isto é, não como os nomes que atraiam multidões para as suas excentricidades humorísticas, mas como corpos envelhecidos e cansados, que apenas procuram acumular dinheiro suficiente numa série de atuações ao vivo pelo Reino
Destaque da Semana: "Bucha & Estica" Realização: Jon S. Baird Argumento: Jeff Pope Elenco: Steve Coogan , John C. Reilly , Shirley Henderson , Nina Arianda
"Se Esta Rua Falasse", de Barry Jenkins Quem conhecer o cinema do americano Barry Jenkins, certamente, reconhecerá nele uma vontade incomum de revisitar as convulsões do passado e presente através das muitas nuances dos destinos individuais, procurando uma maneira de filmar o coletivo, sem nunca abandonar o espaço íntimo de uma só personagem, e mantendo sempre uma comovente reverência pela mais genuína sensibilidade melodramática do classicismo de Hollywood. Se Esta Rua Falasse , à semelhança dos antecessores Medicine for Melancholy e Moonlight , assume esse método de olhar o cinema como uma ferramenta para pensar o mundo. Sem simbologias panfletárias, nem maniqueísmos simplistas, Jenkins ambiciona apenas expor as singularidades emocionais de cada ser humano a fim de puderem integrar memórias que possuam a dimensão e a intensidade de um intrincado fresco histórico. Estamos na década de 70. O auge do combate pelos direitos civis da comunidade negra ficou no
Destaque da Semana: "Se Esta Rua Falasse" Realização: Barry Jenkins Argumento: Barry Jenkins Elenco: KiKi Layne ,   Stephan James ,   Regina King
"Vice", de Adam McKay As primeiras longas-metragens de Adam McKay eram brilhantes desconstruções das fragilidades do ego masculino. No entanto, a imprensa secundarizou-as sempre devido à sua natureza cómica. Contudo, o sucesso financeiro que os seus títulos anteriores conquistaram, permitiu-lhe convencer a Paramount Pictures a conceder-lhe um desejo: auxiliá-lo a filmar A Queda de Wall Street , uma dissecação dos acontecimentos que conduziram à crise financeira de 2008. O filme valeu-lhe um Óscar de Melhor Argumento Adaptado e representou o começo de um segundo capítulo na filmografia de McKay, que se anunciou bastante interessado em abordar as muitas convulsões sociopolíticas de uma América dividida. Dessa vontade nasceu Vice . Um contundente exercício satírico que ousa retratar a figura de Dick Cheney, o vice-presidente de George W. Bush. De onde vem o elemento de risco? Pois bem, de três fatores distintos. Primeiro, qualquer tentativa de convocar o nome de Che
Destaque da Semana: "Vice" Realização: Adam McKay Argumento: Adam McKay Elenco: Christian Bale , Amy Adams , Steve Carell , Sam Rockwell , Tyler Perry
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"A Favorita", de Yorgos Lanthimos Yorgos Lanthimos sempre filmou numa terra de ninguém apenas sua. Rejeitando convenções estéticas e narrativas e assumindo sempre uma maneira muito peculiar de ver o mundo. Encarado como um descendente de autores como Peter Greenaway, Michael Haneke ou Franz Kafka, Lanthimos nunca se coíbe de convocar elementos aparentemente rocambolescos, nem tem medo de alienar o público com um sentido de humor doentio que pode mesmo ferir sensibilidades. No entanto, apesar de ter iniciado a chamada “nova vaga grega” (Athina Rachel Tsangari ou Alexandros Avranas seriam outros dos seus representantes), o seu cinema permanecia restringido aos círculos cinéfilos. Isto até à chegada de “A Favorita”, reinterpretação de um boato com 400 anos, sobre um suposto caso amoroso extraconjugal entre a rainha Anne de Inglaterra (Olivia Colman), última monarca da casa Stuart, e Sarah Churchill (Rachel Weisz), duquesa de Malborough, sua amiga de infância, confid
Destaque da Semana: "A Favorita" Realização: Yorgos Lanthimos Argumento: Deborah Davis , Tony McNamara Elenco: Olivia Colman , Emma Stone , Rachel Weisz
"À Porta da Eternidade" Estamos no coração da temporada de prémios. Isto é, Hollywood quer prestar homenagem aos talentos que se reuniram para produzir o cinema que mais lhes agradou em 2018. Como tal, proliferam as biografias, quase sempre convencionais, desapaixonadas e vazias de conteúdo. No entanto, por vezes, existem surpresas. Pequenos acontecimentos que insistem em desafiar todos e quaisquer rótulos que lhes queiram impor. “À Porta da Eternidade” é um deles. Porquê? Pois bem, porque em vez de se limitar a colecionar os momentos mais emblemáticos da vida de Vincent van Gogh, Julian Schnabel propôs-se a mergulhar na mente do pintor e deixar-se contagiar pelos seus fantasmas. O filme assume-.se, portanto, como um objeto limite, que parte da solidão primordial do protagonista para relançar a ideia romântica da arte como rutura de qualquer visão determinista ou moralista da experiência humana. Acima de tudo, Schnabel ambiciona e consegue colocar-nos no corpo pe
"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
Destaque da Semana: "Destroyer: Ajuste de Contas" Realização: Karyn Kusama Argumento: Phil Hay , Matt Manfredi Elenco: Nicole Kidman , Sebastian Stan , Toby Kebbell , Tatiana Maslany