"A Pereira Brava", de Nuri Bilge Ceylan A palavra que melhor define aquilo de que o espetador se deve munir ao entrar numa projeção de “A Pereira Brava” é “paciência”. Porquê? Pois bem, porque o turco Nuri Bilge Ceylan é mesmo um cineasta da passagem do tempo, do seu carácter inexorável, do modo como somos quem somos (e imaginamos ser) a partir da consciência que temos (ou não) do papel que representamos nessa incessante voragem. Entende-se, portanto, que os seus filmes prefiram adotar um ritmo lento, que nos auxilia a entrar “de mansinho” nos pequenos dramas quotidianos dos habitantes dos recantos mais remotos e desencantados da Turquia, onde começaremos a entender os ressentimentos, frustrações e arrependimentos que parecem mesmo pautar (e condenar) as vidas das personagens que preenchem as suas minuciosas narrativas. Por isso, as mesmas acabam também por assumir características que as aproximam dos chamados medicamentos de ação lenta, que demoram até produzirem o ef