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A mostrar mensagens de julho, 2019
"Domino" ("A Hora da Vingança"), de Brian De Palma Tornou-se impossível escapar à crueldade da ironia: os autores que fizeram as “novas vagas” mundiais dos anos 60 e 70 são hoje os burgueses acomodados contra os quais se ergueram outrora, como se se tivessem conformado a um destino no qual já não se conseguem empenhar. Felizmente, ainda podemos depositar a nossa confiança nos últimos moicanos da Nova Hollywood. Gente como Martin Scorsese, Peter Bogdanovich, Paul Schrader ou Brian De Palma. Posto isto, convenhamos, que no mercado contemporâneo nenhum deles tem conseguido convencer os estúdios norte-americanos a providenciar-lhes financiamento necessário para filmar as suas obras. No caso de Scorsese tal condição forçou-o a virar-se para o universo das plataformas de streaming (em 2019, duas longas-metragens suas estrearam-se na Netflix) no de Bogdanovich conduziu-o a uma reforma antecipada e enquanto Schrader encontrou uma segunda vida num cinema experimentali
Destaque da Semana: Outras Estreias:
“Child's Play" ("O Boneco Diabólico"), de Lars Klevberg Porquê refazer um filme? Para espremer mais uns trocos de uma marca ou para a reinventar? Convenhamos, que quem financia este estilo de produções tende a preocupar-se somente com a componente monetária, no entanto, porque não tentar cumprir ambas as premissas? Afinal, alguns dos maiores acontecimentos cinematográficos de todo o sempre, eram mesmo remakes. “Por um Punhado de Dólares” (Sergio Leone, 1964), “O Comboio do Medo” (William Friedkin, 1977), “Veio do Outro Mundo” (John Carpenter, 1982) e a lista continua… Ora, adotando esse raciocínio entendemos que o problema não é a ideia de reutilizar personagens e situações pré-existentes, mas sim a preguiça na hora de as reinventar. Nesta perspetiva, é preciso admitir que os ícones do cinema de terror dos anos 70/80 têm sofrido particularmente dessa maleita. Pensemos em “Pesadelo em Elm Street” (Samuel Bayer, 2010), que só ambicionava mesmo copiar as sequênci
Destaque da Semana: Outras Estreias: (Exclusivo Cinema Ideal) Em Reposição:
"Dragged Across Concrete" ("Na Sombra da Lei"), de S. Craig Zahler Em 1969, Sam Peckinpah (1925–1984) estreou “The Wild Bunch”. Um conto sanguinolento acerca de um bando de velhos cowboys envolvidos nas convulsões da fronteira entre o México e os Estados Unidos, onde já não existiam heróis clássicos, mas sim homens errantes, cada vez mais inadaptados a um tempo que os tinha reduzido a meras lendas distantes, incapazes de desenhar uma linha clara entre o Bem e o Mal. Aquando do seu lançamento, Hollywood nem desconfiava da viabilidade do género que ainda era o modelo de produção mais rentável do momento: o western. No entanto, o mesmo começaria a falecer aí mesmo. Porquê? Pois bem, porque Peckinpah foi o primeiro a entender que a simplicidade reconfortante da aventura mitológica dos bons contra os maus era coisa do passado. Ou seja, regressar ao Velho Oeste implicaria mergulhar de cabeça numa história de violência dantesca, eternamente assombrada pelos fantas
"Her Smell" ("Her Smell: A Música nas Veias"), de Alex Ross Perry Em “Her Smell: A Música nas Veias” (convenhamos, um subtítulo dispensável), Elisabeth Moss consegue desempenhar uma tarefa que nunca ninguém parece capaz de executar. Isto é, remover todo o glamour e sensualidade da persona de uma estrela de rock, a sua Becky Something, é líder de uma banda que punk que já viu melhores dias, no entanto, os fãs continuam a encará-la como uma figura messiânica digna de uma adoração permanente. Aliás, quando a conhecemos na primeira cena da sexta longa-metragem de Alex Ross Perry (cujos títulos anteriores tinham sido estreados no IndieLisboa, mas nunca distribuídos no circuito comercial português), até somos capazes de compreender o que move os seus seguidores. A atitude rebelde, a voz possante, o carisma, a maneira como se apodera do clássico “Another Girl Another Planet” (Only Ones, 1978) e o reinventa à sua imagem. De facto, sentimos que acabamos de assistir
Destaque da Semana: Outras Estreias:
"Homem-Aranha: Longe de Casa", de Jon Watts Passados 11 anos, onde couberam 23 longas-metragens, o MCU (Marvel Cinematic Universe) é hoje um espelho de si mesmo. Uma crónica de eventos cataclísmicos e pequenas aventuras paralelas, que vão expandindo um universo que só tem ganho mais popularidade. Alguns desses títulos vão introduzindo modelos estéticos ou narrativos próprios (pensamos, por exemplo, em “Black Panther” ou “Thor: Ragnarok”), no entanto, torna-se impossível escapar à força gravitacional da continuidade em que se inserem. Isto é, enquanto os acontecimentos que unem os Vingadores gozam de uma escala que alguns apelidariam de “épica”, cabe aos restantes filmes arranjarem uma maneira de não parecerem entradas menores nos cânones da franquia. Nesse sentido, apetece dizer que “Homem-Aranha: Longe de Casa” é tão bem sucedido nessa missão, que quase pudemos encará-lo como uma metáfora para as dificuldades que se apresentam no processo de construção de uma película
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