Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2019
"Blinded by the Light: O Poder da Música", de Gurinder Chada Há um momento em "Blinded by the Light" que sintetiza todo o filme. Acontece quando o protagonista, Javed (Viveik Kalra), ouve “Dancing in the Dark”, pela primeira vez. A esse ponto já entendemos que o protagonista encara o “Boss” como um Deus, no entanto, Gurinder Chada apercebe-se que essa devoção nos foi comunicada, mas nunca ilustrada. Então, durante aqueles breves minutos, contemplamos a face do rapaz, à medida que aquilo que vê e ouve transfigura a sua expressão. Podíamos dizer que as imagens e sons o cativaram, excitaram ou lhe despertaram o interesse, contudo, qualquer um desses termos seria demasiado redutor. Porquê? Pois bem, porque nessa sequência crucial como nenhuma outra, vemo-lo a reconhecer-se noutra pessoa, evocando esse sentimento muito de juvenil de deparar com algo ou alguém (tanto podemos estar a falar acerca de um cantor como de um filme ou peça de teatro) em que se revê totalm
Destaque da Semana: Outras Estreias: Em Reposição:
 "Tudo Bons Meninos", de Gene Stupnitsky Habituámo-nos a encarar as crianças como representantes de uma inocência utópica. Como tal, sempre que uma narrativa as retira desse contexto para as colocar em situações que fujam a esse pensamento tradicional, as expectativas do público são automaticamente subvertidas. Em “Tudo Bons Meninos”, Gene Stupnitsky aplica esse mesmo raciocínio naquela que é a sua primeira longa-metragem. Essencialmente, estamos dentro do território que as comédias de Judd Apatow (“Virgem aos 40 Anos”) ou do duo composto por Seth Rogen e Evan Goldberg (“Uma Entrevista de Loucos”) costumam percorrer, no entanto, existe uma diferença fundamental. Em vez de adultos propensos a comportamentos infantis, são alunos do sexto ano que vemos a disparar palavrões e fazer piadas sexuais (que nem eles entendem…). Aliás, o desafio a que Stupnitsky se propôs parece ser óbvio. Ou seja, quantos momentos inocentemente profanos conseguem ser encaixados em 85 minutos?
"Ready or Not: O Ritual", de Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillette Tornou-se comum ouvir gente argumentar que o dinheiro é a raiz de todo o mal. No entanto, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, membros do coletivo Radio Silence (os senhores responsáveis por “Nascido das Trevas” e pelo segmento "10/31/98" na antologia “VHS”), propõem uma reversão desse mesmo raciocínio. Isto é, no universo perverso de “Ready or Not: O Ritual” é o mal quem encontra as suas raízes no dinheiro. Como assim? Pois bem, na opinião do duo o poderio monetário advém da necessidade do homem de assumir uma posição dominante sobre os seus congéneres. De subjugar os outros e encurralá-los na condição inescapável de cidadãos de segunda. O filme adquire, portanto, contornos de crítica social que acabam por funcionar como enquadramento para este conto sobre pressões económicas, masculinidade tóxica e assassinatos sanguinolentos, que Bettinelli-Olpin e Gillett surpreendem ao encenar num conta
Destaque da Semana: Outras Estreias: Em Reposição: (Exclusivo Medeia Filmes)
"Era uma Vez... em Hollywood" ("Once Upon a Time... in Hollywood"), de Quentin Tarantino Vivemos em tempos pretensamente revivalistas. Porquê? Pois bem, porque quase semanalmente somos convidados a assistir a “novos” objetos de cinema (e de televisão), que se limitam mesmo a reciclar personagens e situações, narrativas e marcas estéticas. Para quê? Para preencher um anseio no coração dos membros do público. Um desejo quase incomportável de regressar a um local onde outrora foram felizes. O resultado dessas práticas são horrores como o remake que Jon Favreau fez de “O Rei Leão” ou a abominação que é “Stranger Things”, cujos criadores parecem encarar o cinema dos anos 80 única e exclusivamente como uma fábrica de momentos bem filmados e diálogos que provavelmente embelezariam uma boa t-shirt . Acontece que, o problema dessas produções reside mesmo na mente dos seus autores. Ou seja, todos sabemos que é fisicamente impossível voltar ao passado, no entanto, o cin
Destaque da Semana: Outras Estreias:
"Síndrome de Estocolmo", de Robert Budreau O canadiano Robert Budreau parece interessado em confrontar-se com experiências complexas. Como assim? Pois bem, a sua primeira longa-metragem, "Born to be Blue" (2016), propunha-se a retratar as tentativas de Chet Baker (1929-1988) de regressar aos palcos, depois de um “romance violento” com a heroína que o colocou em situações decadentes, para tal, apostando num registo de absoluto intimismo, tal era a maneira obsessiva como a câmara se recusava a largar o rosto do músico. Três anos depois, e o pendor redentor desse filme é trocado por um sentido de humor deveras peculiar e uma certa paixão pelas mecânicas mais clássicas do thriller, num olhar acerca do caso verídico de um absurdo assalto a um banco sueco, que deu origem ao termo “Síndrome de Estocolmo”, segundo o qual o dramatismo de uma situação de rapto é tamanho, que o refém poderá mesmo começar a desenvolver laços emocionais com o seu captor. Escusado s
"The Kitchen: Rainhas do Crime", de Andrea Berloff Habituámo-nos a encarar o cinema de mafiosos como um terreno exclusivamente masculino. Afinal, apesar de existiram algumas tentativas pontuais de explorar esse submundo de um ponto de vista feminino, nunca ninguém tinha tentado conceber um melodrama de recorte clássico acerca do mesmo protagonizado exclusivamente por mulheres, antes da primeira longa-metragem de Andrea Berloff, argumentista de títulos bem recomendáveis como “Straight Outta Compton” (2015) ou “Blood Father: O Protetor” (2016). Desta forma, torna-se impossível não olhar um filme como “The Kitchen: Rainhas do Crime” como uma espécie de resposta a insistência da produção americana em investir em heróis e anti-heróis masculinos, especialmente, depois de movimentos como o #MeToo ou #OscarsSoWhite levaram a indústria a questionar se as obras dela saem refletem ou não a sociedade que as consome, no entanto, fazê-lo seria colocar de lado as ideias mais interes
"Scary Stories to Tell in the Dark" ("Histórias Assustadoras para Contar no Escuro"), de André Øvredal Nos primeiros instantes da quarta longa-metragem de André Øvredal, a voz de uma criança diz-nos que as histórias conseguem magoar os seus leitores ou auxilia-los a esquecer ou curar feridas antigas. “Elas fazem de nós quem somos”, argumenta. Escusado será dizer, que essa crença se alinha perfeitamente com o cinema do norueguês, sempre preocupado em desenhar paralelos entre elementos realistas e facilmente reconhecíveis no nosso quotidiano, e os mitos mais antigos e insidiosos, sejam eles descendentes de rituais religiosos ou de superstições há muito enraizadas no tecido cultural de uma qualquer região. Nesta perspetiva, “Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” assume-se como um sucessor digno de “O Caçador de Trolls” (2010) e “A Autópsia de Jane Doe” (2016), prosseguindo o seu trabalho de redescoberta dos prazeres da fábula, entendida enquanto um pro
Destaque da Semana: Outras Estreias: (Exclusivo Cinemas NOS) (Exclusivo CinemaCity)