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A mostrar mensagens de setembro, 2019
"Parasitas", de Bong Joon-ho De acordo com o dicionário de inglês de Oxford, existem duas definições possíveis para o termo “Parasitas". A primeira e mais tradicional, digamos assim, é a seguinte: organismos que vivem dentro ou fora de um organismo de uma espécie distinta (o seu portador ou caso queiramos desenhar paralelos com outro filme de Bong Joon-ho, o seu "hóspede"), de quem beneficia derivando nutrientes à sua custa. A segunda, no entanto, afasta-se do reino dos insetos e maleitas e adquire uma conotação bem mais derrogatória: pessoas que habitualmente exploram outras, sem nunca lhes oferecerem nada em troca pelos ganhos que lhe providenciaram. Na sétima longa-metragem do sul-coreano Bong Joon-ho (autor de títulos como “Expresso do Amanhã” e “Okja”) ambos os significados se aplicam aos acontecimentos ilustrados na narrativa. Contudo, à medida que o filme se aproxima do seu clímax, o público é deixado com uma dúvida: Quem é o parasita e quem é
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"Ad Astra", de James Gray James Gray sempre procurou acompanhar as convulsões íntimas das comunidades imigrantes (sobretudo, de origem russa, como a família de Gray) em Nova Iorque e arredores, compondo retratos tocantes e contundentes que convocavam o espírito de um cinema americano que não volta nunca (pensamos em Martin Scorsese, Paul Schrader ou Francis Ford Coppola, mas também em Mervyn LeRoy, Josef von Sternberg e Fritz Lang). No entanto, “A Cidade Perdida de Z” (2017) já evidenciava uma vontade de abandonar paisagens contemporâneas para encenar contos que mimetizassem a existência de Gray, cineasta que trocava o seu “lar” pelo desconforto de um universo estranho, por puro voluntarismo, quando nada o obrigava a fazê-lo. O mesmo sucede novamente em “Ad Astra”. Conto hipnótico de um astronauta (Brad Pitt) aprisionado a uma solidão autoimposta, que necessita de embarcar numa expedição rumo ao desconhecido que é, afinal, uma viagem ao interior de si mesmo. Estamo
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"Segredos Oficiais", de Gavin Hood Antes do boom dos filmes de super-heróis, Gavin Hood assinou um dos piores exemplares do género: “X-Men Origens: Wolverine” (2009). Uma tentativa atabalhoada de encetar uma franquia centrada no passado conturbado de uma das personagens mais populares das bandas-desenhadas da Marvel. Aquando do seu lançamento, não faltaram membros da imprensa internacional, que proclamavam o fim da carreira de Hood. Não era caso para menos. Afinal, o filme era confuso e disperso, tornando-se mesmo risível, num terceiro ato que tornava todas as decisões erradas possíveis e imaginárias. No entanto, esse julgamento foi demasiado precoce, como comprovam as suas duas últimas longas-metragens do cineasta sul-africano. Nomeadamente, o intrigante e controverso “Operação Eye in the Sky” (2016), que confrontava o público com uma perversa dúvida moral e, agora, “Segredos Oficiais”, um thriller antiquado e refinado, que recupera um caso verídico para discutir o
"Killerman: A Lei das Ruas", de Malik Bader Nunca tínhamos tido uma longa-metragem de Malik Bader no circuito comercial português. No entanto, parece-nos que “Killerman” é uma belíssima introdução ao que aparenta ser o seu universo temático. Nomeadamente, o quotidiano do submundo do crime nova-iorquino, desprovido do glamour que muitos cineastas tendem a associar às suas obras sobre marginais que vivem à custa das atividades ilegais que praticam. Aqui, encontramos Moe Diamond (Liam Hemsworth), um joelheiro, que também faz lavagem de dinheiro para um mafioso local (Zlatko Buric), que ambiciona uma vida ligeiramente mais respeitável no mundo da venda de imóveis. Certo dia, Moe e o seu melhor amigo e companheiro de armas, Skunk (Emory Cohen), veem-se numa situação difícil. Skunk persuade Moe a utilizar dinheiro do seu chefe para investir num negócio com um duo de traficantes. Moe aceita relutantemente. No entanto, tudo não passa de uma cilada e os dois acabam por nece
"Dor e Glória", de Pedro Almodovár O que é o cinema? O que pode ser o cinema? Pois bem, no limite, apetece-nos dizer o mesmo providencia a um realizador a hipótese radical de manter uma conversa puramente sensorial com o público, utilizando as cores, os sons, as texturas, os diálogos e os silêncios para comunicar algo a alguém que, de outra maneira, poderia nunca ouvir a mensagem ou desabafo em causa. Em “Dor e Glória”, Pedro Almodovár oferece-nos um presente tremendo. A oportunidade de o acompanharmos à medida que se vai tentando aperceber de quem é na voragem incessante do tempo. Escusado será dizer, que não haverá nenhuma outra busca tão universal como essa. Afinal, a certo ponto, todos nos questionamos acerca da nossa identidade e do peso que as nossas vivências passadas e expectativas futuras exercem sobre ela. No entanto, aquilo que nos comove mais no magnum opus do cineasta espanhol, é a sua candura. Há muito mais dor (nas costas, na garganta, no coração, na
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