"Dor e Glória", de Pedro Almodovár O que é o cinema? O que pode ser o cinema? Pois bem, no limite, apetece-nos dizer o mesmo providencia a um realizador a hipótese radical de manter uma conversa puramente sensorial com o público, utilizando as cores, os sons, as texturas, os diálogos e os silêncios para comunicar algo a alguém que, de outra maneira, poderia nunca ouvir a mensagem ou desabafo em causa. Em “Dor e Glória”, Pedro Almodovár oferece-nos um presente tremendo. A oportunidade de o acompanharmos à medida que se vai tentando aperceber de quem é na voragem incessante do tempo. Escusado será dizer, que não haverá nenhuma outra busca tão universal como essa. Afinal, a certo ponto, todos nos questionamos acerca da nossa identidade e do peso que as nossas vivências passadas e expectativas futuras exercem sobre ela. No entanto, aquilo que nos comove mais no magnum opus do cineasta espanhol, é a sua candura. Há muito mais dor (nas costas, na garganta, no coração, na