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A mostrar mensagens de dezembro, 2019
Os Melhores do Ano:
"Violeta", de Kantemir Balagov Caso nos pedissem para enumerar cineastas russos contemporâneos, é bem possível que não conseguíssemos aguentar muito tempo. Afinal, todos conhecemos Andrey Zvyagintsev, Timur Bekmambetov, Aleksandr Sokurov ou Andrei Konchalovsky, mas… e os outros? Os filmes de Andrei Tarkovski e Sergei Eisenstein continuam a circular livremente (a Leopardo Filmes dedicou mesmo uma retrospetiva ao primeiro há relativamente pouco tempo), no entanto, fora lançamentos pontuais de filmes de realizadores que nunca reencontramos no circuito comercial de salas, pouco ou nada sabemos sobre a produção russa contemporânea. Serve isto para dizer que nenhum espetador que tenha como base única e exclusivamente as longas-metragens que os distribuidores portugueses lhe providenciam não pode dizer que conhece bem essa cinematografia, pelo que, qualquer tentativa de encontrar padrões estéticos, narrativos ou temáticos é apenas e só um exercício especulativo. No entanto
Destaque da Semana: Outras Estreias:
"Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles O cinema brasileiro como o conhecemos encontra-se às portas da morte. Afinal, parece mesmo que todas as semanas recebemos novas informações acerca das formas tacanhas e cobardes que o Governo escolheu utilizar para silenciar os seus autores. Acontece que, os mesmos se recusam a desaparecer silenciosamente, de modo a permitir a pequenos fascistas que vivam sem terem de enfrentar vozes dissonantes. Exemplos modelares disso mesmo são as novas longas-metragens de realizadores como Gabriel Mascáro ( Divino Amor ) ou Wagner Moura ( Marighella ). No entanto, mesmo num contexto de um ano tão rico em cinema corrosivo e desafiante, parece-nos mais ou menos inevitável reconhecer que o representante máximo desse “movimento” (chamemos-lhe assim) contestatório será o Bacurau , de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, um western nordestino (Glauber Rocha ficaria orgulhoso), que cruza géneros (o realismo coabita com compone
Destaque da Semana: (Exclusivo Cinema Trindade) Outras Estreias: (Exclusivo UCI Cinemas)
"Graças a Deus", de François Ozon O contexto é tudo. Por vezes, esquecemo-nos dessa evidência, especialmente num mundo comandado por fake news , hot takes , sound bites e os muitos outros estrangeirismos que nos auxiliam a entender as convulsões do panorama contemporâneo. Por exemplo, quem não souber nada acerca de François Ozon (autor de títulos como Frantz , O Amante Duplo ou O Tempo que Resta e um dos mais prolíficos e consistentes cineastas vivos) e desta sua vigésima longa-metragem, talvez interprete o título Graças a Deus como sendo um apelo religioso, porventura, ligado a um daqueles filmes evangélicos que só nos querem mesmo convencer a ir à Igreja (pensemos em Deus não está Morto ou O Céu Existe Mesmo ) e rejeitá-lo como tal (seria um erro). Os que souberem que se trata da evocação das ramificações das múltiplas vítimas de um padre gaulês que terá abusado de dezenas de escuteiros, pode ser levado a assumir que Ozon escolheu o nome da sua obra num gesto iró
Destaque da Semana: Outras Estreias:
"Um Homem Fiel", de Louis Garrel O sucesso internacional de títulos como Amigos Improváveis ou Bem-Vindo ao Norte conseguiu aproximar públicos de múltiplas nacionalidades de uma cinematografia de riqueza incomensurável, que ainda hoje é associada a lugares comuns preconceituosos que não possuem qualquer fundo de verdade. Um deles, diz-nos que os franceses se especializam em encenar romances ligeiros, sentimentalistas e tendencialmente fúteis. Enfim, qualquer cinéfilo sentir-se-ia perfeitamente confortável ao enumerar uma vasta e conclusiva lista de exemplos que contrariam esse raciocínio, no entanto, fiquemo-nos por um único. Chama-se Um Homem Fiel, estreou-se esta semana em três salas de cinema portuguesas (UCI Él Corte Inglês, Cineplace Leiria Shopping e Algarveshopping), depois de passar um ano a saltitar no calendário português (o lançamento comercial tem sido adiado desde março) e é um dos mais belos acontecimentos de 2019. Trata-se de uma desconcertante f
"Tommaso", de Abel Ferrara Quando falamos sobre autores nova-iorquinos, mencionamos sempre Martin Scorsese e nunca nos esquecemos de Woody Allen, no entanto, parece que o nome de Abel Ferrara fica invariavelmente de fora. Ele, que durante as primeiras duas décadas da sua carreira tão abundantemente filmou a cidade que o viu crescer. Contudo, o seu amago começou a ser corroído por um sentimento de desencanto, que atingiu o seu ponto máximo nos ataques do 11 de setembro de 2001. Depois disso, abandonou Nova Iorque e os Estados Unidos, para se refugiar em Roma. Esse foi também o momento em que Ferrara abraçou a condição do cineasta exilado e iniciou uma peculiar fase europeia, “saltitando” entre documentários pessoalíssimos (destaque para Piazza Vittorio , que acompanhava o quotidiano dos muitos moradores da sua rua), biografias (um filme deveras polémico centrado no “caso Strauss-Kahn” e um olhar sobre o último dia de vida de Pier Paolo Pasolini) e títulos mais experimen
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