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A mostrar mensagens de fevereiro, 2020
Destaque da Semana: Outras Estreias: Estreia a 28/02/2020:
"O Apelo Selvagem", de Chris Sanders O cinema americano contemporâneo perdeu interesse em certos períodos temporais que, outrora, lhe providenciaram material para incontáveis narrativas. “O Apelo Selvagem” remonta até aos tempos da frenética corrida ao ouro, para acompanhar a acidentada odisseia de um cão chamado Buck, que atravessa a nação em direção à sua última morada, começando os seus dias como o mimado cachorro de um endinheirado juiz de província e terminando num lugar que não revelaremos para não incorrer nos sempre desagradáveis spoilers. Teoricamente, muitos outros filmes já percorrem territórios similares, contudo, o que é interessante no trabalho de Chris Sanders (veterano do universo da animação que aqui se estreia aos comandos de uma longa-metragem de imagem real) é a maneira como consegue conjugar tons, sem nunca se comprometer totalmente a nenhum deles, enquanto o seu protagonista de quatro patas vai navegando entre situações, no processo, construindo u
Em 2015, Osgood Perkins inspirou-se na depressão em que caiu depois do falecimento dos pais, para encenar “The Blackcoat's Daughter” (ou “February” o seu título alternativo), uma meditação sobre as consequências psicológicas da perda e as dores do crescimento, com um enquadramento satânico. Tratava-se de um filme admirável, que vinha mesmo proclamar Perkins como um nome que valia a pena acompanhar. Passados cinco anos, recebemos “Gretel & Hansel”, uma adaptação do conto dos Irmãos Grimm, que ambiciona regressar às raízes mais obscuras do mesmo, no processo, evitando os enfeites delicodoces que vieram a aligeirar estas fábulas com o passar do tempo. Assim, começamos com um pronúncio de morte e um ambiente pesado, quando Gretel rejeita a posição de escrava sexual de um nobre local e, portanto, é expulsa de casa, com Hansel, pela progenitora enlouquecida, que os ameaça a ambos com um machado (se está a pensar em reunir a família, talvez, já tenha entendido que é melhor esperar
"Os Miseráveis", de Ladj Ly 6 de abril de 1993. O jovem Makomé M'Bowolé é assassinado à queima-roupa com uma bala na cabeça pelo inspetor Pascal Compain, na esquadra de Grandes-Carrières, no 18º arrondissement de Paris. O agente declara ter disparado por acidente, enquanto tentava intimidar o suspeito para obter uma confissão, pensando que a arma estava descarregada. O caso e os três dias de tumultos que se seguiram, com saques e confrontos entre jovens e forças policiais no coração da capital francesa, vão inspirar Mathieu Kassovitz a realizar o seminal O Ódio , lançado em 1995. Nele, se retrata o fenómeno da violência urbana, utilizando os enormes motins que se seguem ao violento espancamento de um adolescente por parte de um polícia. Aprisionado num limbo entre a vida e a morte, o mesmo vai tornar-se no ponto de partida para uma resposta contra os “agentes da lei” pensada por um trio de amigos: Vinz (Vincent Cassel), Said (Saïd Taghmaoui), e Hubert (Hubert Koun
Destaque da Semana: Outras Estreias: Estreia a 21/02/2020: (Exclusivo Netflix)
"O Farol", de Robert Eggers Aquando do lançamento de Hereditário , Ari Aster mencionou o seu fascínio por O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela . Porquê? Dizia ele, que o filme lhe parecia tão insondavelmente malévolo, que conseguia mesmo encapsular em si a crueldade do mundo. “Nunca conheci o Peter Greenaway, mas suspeito que seja uma pessoa horrível”, comentava o realizador. Obviamente, Aster terminou essa observação num tom brincalhão, contudo, isso não invalida o surpreendente brilhantismo do seu raciocínio. De facto, existe uma estirpe de obras acerca das vicissitudes da existência humana que, durante um par de horas, nos sequestram e aprisionam num infindável poço de negrume, recusando-se veementemente a mostrar-nos qualquer tipo de luz. Títulos como O Homem Que Queria Saber , O Laço Branco ou Goodnight Mommy . Em 2016, o aclamadíssimo A Bruxa , ou The VVitch: A New-England Folktale , foi encarado por muitos como um desses filmes. Mas estavam errad
Destaque da Semana: Outras Estreias: Estreia a 14/02/2020: (Exclusivo Medeia Filmes)
"Birds of Prey (e a Fantabulástica Emancipação de uma Harley Quinn), de Cathy Yan Porque é que sentimos tanta empatia pelos vilões? Porque é que tantas vezes deixamos que se convertam em figuras mais populares que os heróis convencionais? O que é que origina esse fascínio? Será um efeito secundário de uma sociedade emocionalmente reprimida? Afinal, celebramos quando Hannibal Lecter foge de Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes , explodimos de emoção ao ver Darth Vader aniquilar um pequeno exército de rebeldes no clímax diabólico de Rogue One e acabamos de eleger o Joker de Joaquin Phoenix como o herói do povo para 2019. Aliás, nos próximos dias, o palhaço mais melancólico de Gotham City, pode mesmo tornar-se no segundo antagonista na longa história do cinema a providenciar um prémio da Academia a dois atores distintos. Enfim, porventura, reconheceremos neles alguns elementos da nossa personalidade na conduta pouco recomendável de quem vive pelas suas próprias regra
Destaque da Semana: Outras Estreias:
"Jojo Rabbit", de Taika Waititi Adolf Hitler e o seu braço direito Hermann Göring encontram-se no topo de uma torre em Berlim. Hitler diz que gostava de fazer algo que providenciasse um sorriso aos cidadãos, então, Göring responde-lhe com um simples: “Porque é que não saltas daqui de cima?” Na primavera de 1943, uma trabalhadora fabril foi executada por contar essa anedota a um colega. Porquê mencioná-la? Porque, apesar dos seus esforços violentos e opressivos para manter a sociedade o mais uniformemente austera, os nazis nunca conseguiram impedir os outros de gozarem com os seus pensamentos odiosos e práticas imorais. Todos se lembrarão de O Grande Ditador , onde Charlie Chaplin encarnava o pomposo Adenoid Hynkel, por certo, o momento mais emblemático dessa tendência humorística, contudo, o britânico nem foi o primeiro, nem o último a ridicularizar os fanáticos do Terceiro Reich. A mais recente entrada nesses cânones é Jojo Rabbit . Quinta longa-metragem assinada pe