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A mostrar mensagens de março, 2020
Destaque da Semana: (Exclusivo Netflix) (Exclusivo Netflix) Estreia a 27/03/2019: (Exclusivo Netflix)
"A Plataforma", de Galder Gaztelu-Urrutia Devido ao COVID-19, A Plataforma é mesmo a única estreia da semana e, quer simpatizemos mais ou menos com a primeira longa-metragem de Galder Gaztelu-Urrutia ninguém pode acusá-la de se encontrar desatualizada perante os tempos que vivemos… Uma característica que contribui para aquilo que nos parece ser um filme equivalente à antiguinha e metafórica faca de dois gumes. Por um lado, A Plataforma providencia-nos muitos e interessantes pontos para possíveis debates. Por outro, não o consegue fazer com nenhum tipo de subtileza, e num tempo em que domina a ansiedade e pânico, torna-se complicado recomendar um filme assim tão brutal, especialmente, tendo em conta que não aqui encontramos nada que filmes como Snowpiercer ou Parasitas (ambos de Bong-Joon Ho) não dissessem com mais sofisticação. Tudo começa numa cela cúbica, onde “acordamos” juntamente com Goreng, o nosso protagonista e um prisioneiro no que parece ser uma torre, divi
Destaque da Semana: (Exclusivo Netflix)
"Family Romance, LLC", de Werner Herzog Werner Herzog nem teme falhanços, nem filmes menores. Logo, encontrar o seu nome associado a um pequeno e sedutor OVNI como “Family Romance, LLC“ não é exatamente surpreendente, uma vez que sempre o conhecemos como alguém genuinamente interessado na faceta mais etnológica do cinema. À semelhança de outros títulos seus, estamos mesmo perante um retrato minucioso de uma cultura em tudo diferente da nossa, capaz de nos mostrar como vivem os outros. Em particular, somos apresentados à companhia titular, cujos inusitados serviços permitem aos clientes arrendar alguém. Seja para substituir um ente querido, assumir um erro no trabalho ou providenciar algum tipo de apoio ou carinho. A sua especialidade é, afinal, preencher as mais diversas lacunas das vidas de quem os contrata. Mais especificamente, Herzog vai acompanhando os vários trabalhos de Ishii Yuichi, chefe da Family Romance, que tal como os seus empregados, passa o dia a saltita
"O Caminho de Volta", de Gavin O'Connor Certos filmes encontram-se tão visceralmente conectados aos seus protagonistas que se torna complicado ou até mesmo impossível separá-los. É precisamente isso que sucede em “O Caminho de Volta”, melodrama de recorte clássico, nascido da vontade de Ben Affleck de produzir uma longa-metragem que dialogasse com os problemas que enfrentou com o álcool. Assim, conhecemos Jack (Affleck), outrora, um basquetebolista com potencial, cuja vida tem sido marcada por inúmeras circunstâncias infelizes que o conduziram a um estado depressivo e decadente continuo, que tem uma hipótese de abandonar quando lhe é oferecido um posto como treinador a equipa a que pertenceu nos seus tempos de liceu. É uma premissa sobejamente conhecida, no entanto, o realizador e co-argumentista Gavin O’Connor tem consciência disso, optando por retirar todos e quaisquer facilitismos e conveniências da narrativa, providenciando-lhe um realismo imediato e cru, que
Destaque da Semana: Outras Estreias: Estreia a 13/03/2020: (Exclusivo Netflix)
"Antidepressivo Árabe", de Manele Labidi Quem conhecer a cinematografia francesa, certamente lhe reconhecerá uma capacidade invulgar para analisar os costumes de determinados locais por via do sentido de humor, sem simplismos panfletários ou maniqueísmos redutores. Um bom exemplo dessa prática é a primeira longa-metragem da franco-tunisina Manele Labidi, intitulada "Antidepressivo Árabe", onde se propõe a colocar a mentalidade de toda uma nação no divã de um consultório de psicologia. Em causa, está a história de Selma, uma psicanalista que regressa de Paris à sua Argélia natal com um sonho, que é também uma ideia de negócio. Fazer uso de um terraço para dar consultas aos habitantes da zona. O resultado é um arrebatador sucesso. No entanto, esquece-se que necessita de meter papéis para legalizar o seu ofício, o que a vai aprisionar num processo aparentemente interminável de lenta burocracia, acompanhado pelo preconceito perante a psicoterapia que vai tendo q
"O Bar da Luva Dourada", de Fatih Akin Berlim, 2019. Celebridades internacionais reúnem-se para celebrar um festival a 69º edição de um dos festivais de cinema mais importantes do mundo. No entanto, multiplicam-se as vozes que questionam os critérios de uma equipa de programação que parece mais interessada em corresponder a um ideal que em apresentar filmes desafiantes. Apesar de tudo, é compreensível. Afinal, quando se tem o patrocínio da Cartier, um verdadeiro ajuntamento de caras conhecidas a pousar para as revistas cor-de-rosa e uma imagem familiar e bem-pensante a defender, ninguém tem paciência, nem vontade para cinema perturbante. Logo, não é de espantar que a passagem de uma obra que chafurda tão alegremente na sargeta da miséria humana como “O Bar da Luva Dourada” tenha desencadeando vómitos, desmaios e protestos. O mundo não demorou a providenciar-lhe o cognome de “filme choque”, mas o que Akin faz é muito mais interessante que isso. De facto, o alemão conv
"O Homem Invisível", de Leigh Whannell Um filme de terror que fala de temas como o abuso doméstico e repensa o conceito da vítima feminina. Quando pensávamos que a Universal se tinha comprometido a produzir dispendiosos remakes de títulos emblemáticos como Drácula e Frankenstein , eis que acontece um inusitado desvio na estratégia. Devido ao fracasso de A Múmia , protagonizado por Tom Cruise, o catálogo de personagens monstruosas do estúdio foi direitinho para as mãos do produtor Jason Blum, cuja Blumhouse tem providenciado meios a alguns dos mais estimulantes autores contemporâneos. Dessa colaboração resultou este O Homem Invisível , onde os escritos de H.G. Wells são completamente reinventados, numa história centrada numa mulher (Elisabeth Moss) ameaçada por um marido violento (Oliver Jackson-Cohen). Um dia, ele comete suicídio e deixa-lhe uma quantia de dinheiro substancial. Ela julga que encontrou paz finalmente, mas a serenidade vai ser interrompida por uma sér
Destaque da Semana: Outras Estreias: Estreia a 06/03/2020: (Exclusivo Netflix) Estreia a 08/03/2020:
"Vidas Duplas", de Olivier Assayas A componente mais interessante da filmografia de Olivier Assayas é a sua versatilidade. “As Nuvens de Sils Maria” era um melodrama de recorte antiquado, “Personal Shopper” anteviu o movimento do cinema de terror transcendental e o vindouro “Wasp Network” corresponde a uma história verídica sobre espionagem. Ou seja, com ele aos comandos, pudemos ter algumas certezas que receberemos narrativas fascinantes, mas nunca sabemos que forma vão adotar. O recentemente estreado “Vidas Duplas” constitui um outro pequeno-grande acontecimento na sua carreira. Nada mais, nada menos, que uma charmosa comédia de usos e costumes, a meio caminho entre Christophe Honoré, Jean Reno ir e Éric Rohmer, na qual acompanhamos um editor de livros (Guillaume Canet), casado com a protagonista de uma popularíssima série policial (Juliette Binoche), cuja existência se vai cruzar com um escritor caído em desgraça (Vincent Macaigne) e a líder de campanha de um polít
"The Gentlemen: Senhores do Crime", de Guy Ritchie Guy Ritchie aparentava-se ter perdido a identidade por entre encomendas. Fossem os simpáticos filmes da franquia "Sherlock Holmes", a pouco apreciada tentativa de reinventar os mitos arturianos de "A Lenda da Espada" ou o calamitoso remake de "Aladdin". O homem que tão bem tornava as convulsões interiores do mundo dos mafiosos de rua londrinos em charmosas comédias de usos e costumes, parecia ter desaparecido para todo o sempre. No entanto, pronunciamos o óbito desse seu cinema demasiado cedo, e o suculento "The Gentlemen: Senhores do Crime" aí vem comprová-lo. Nele, acompanhamos um encontro entre Raymond (Charlie Hunnam), o braço direito de um traficante norte-americano à beira da reforma (Matthew McConaughey) e Fletcher (Hugh Grant), um jornalista seboso, munido de provas extensas das atividades ilegais do bando, que ambiciona extorquir 20 milhões de libras aos fora-da-lei. As
"Especiais", de Olivier Nakache e Éric Toledano A comédia social é um género profundamente enraizado na cinematografia francesa e Olivier Nakache e Éric Toledano serão os seus mais altos representantes contemporâneos. De “Amigos Improváveis” a “Samba”, passando por “O Espírito da Festa”, reconhecemos neles uma capacidade incomum para conjugar componentes dramáticas que se encontram relacionadas com o nosso quotidiano, com uma comicidade genuína e bem-intencionada, resultando em objetos de cinema de raro humanismo, que tanto nos providenciam gargalhadas, como nos colocam uma ou outra lágrima no canto do olho. No entanto, tudo muda com “Especiais”, um soco no estômago que começou mesmo como uma tentativa de replicar a fórmula de “Amigos” noutro contexto e acabou mais próximo dos filmes de Ken Loach ou Shane Meadows. Um olhar contundente sobre a árdua rotina de Malik (Reda Kateb) e Bruno (Vincent Cassel), líderes de duas organizações em colaboração permanentemente. Um pro