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A mostrar mensagens de agosto, 2024

CRÍTICA - "MOTEL DESTINO"

Estranhamente, o mercado português desconhece o cinema brasileiro. Nem sempre foi assim, mas, atualmente, excluindo Walter Salles, Karim Aïnouz e Kleber Mendonça Filho, não nos lembramos de nenhum outro autor(a) contemporâneo(a) cujo trabalho tenha estreado consistentemente. Se há outros cineastas dignos de nota a fazer cinema no Brasil ao dia de hoje? Há sim, quem frequenta o Indielisboa e, ocasionalmente, o MOTELX pode confirmá-lo, no entanto, por algum motivo, o circuito comercial permanece, maioritariamente, vedado ao que lá se faz. "Motel Destino", a mais recente longa-metragem de Aïnouz estreia-se entre nós em circunstâncias especiais, trata-se de um lançamento simultâneo com o mercado brasileiro, estratégia que se saúda, principalmente, quando a norma, pelo menos, no que às produções independentes diz respeito, parece ser a das estreias atrasadas, estando o calendário repleto de títulos que necessitaram de 1 a 2 anos para encontrarem um lugar no nosso calendário. Aliás...

CRÍTICA - "A ILHA VERMELHA"

Robin Campillo é um dos cineastas mais emblemáticos da sua geração, no entanto, é tudo menos prolífico. Em 2004, assinou a sua primeira longa-metragem, "Les revenants", um fenómeno de popularidade junto de crítica e público que, tardiamente, até gerou dois remakes no pequeno ecrã, um em França, outro nos EUA (Campillo não esteve envolvido em nenhum dos dois e os resultados, sejamos sinceros, não sustentavam qualquer tipo de comparação com o seu filme). Desde aí, trabalhou consistentemente enquanto coargumentista, principalmente, junto do recentemente falecido Laurence Cantet, por exemplo, em "O Emprego do Tempo" ou "A Turma", mas, como realizador, só o reencontramos em três outras ocasiões ao longo dos últimos 20 anos, em 2013, quando lançou "Eastern Boys", em 2017, ano de "120 Batimentos por Minuto", porventura, o seu melhor filme e, seguramente, aquele que mais mediatismo conseguiu alcançar e, agora, em 2024 (ainda que, em França, o l...

DESTAQUE DA SEMANA

"O Colecionador de Almas" ("Longlegs"), de Osgood Perkins OUTRAS ESTREIAS: "Deadpool & Wolverine", de Shawn Levy "Clube Zero" ("Club Zero"), de Jessica Hausner "Completamente Passado" ("Completèment Cramé!"), de Gilles Legardinier EM REPOSIÇÃO: "Patti Smith - Poeta do Rock" ("Patti Smith, la poésie du punk"), de Sophie Peyrard, Anne Cutaia "Underground - Era Uma Vez Um País" ("Underground"), de Emir Kusturica

CRÍTICA - "MEMÓRIA"

Michel Franco é um cineasta empático? O termo raramente lhe foi associado, aliás, títulos como "Nova Ordem" ou "Crepúsculo" levaram muitos a acusá-lo de sadismo, apoiando-se permanentemente num niilismo incessante para encenar as mais abjetas barbaridades. Enfim, temos de assumir que quem levanta essas acusações nunca viu, por exemplo, "Chronic", o seu primeiro filme em inglês, onde não era possível fechar os olhos ao humanismo. Em "Memória", encontramo-lo na sua melhor forma, pronto para confundir os seus detratores, com um filme... "fofinho", devastador é certo, mas, "fofinho" na mesma. É o conto de Sylvia (Jessica Chastain), uma assistente social, profundamente traumatizada pelos abusos sexuais que sofreu, primeiro, às mãos do pai e depois, de um ex-namorado, e Saul (Peter Sarsgaard), cuja vida é moldada e, acima de tudo, condicionada por uma doença degenerativa debilitante. É um conceito, no mínimo, complexo, quanto mais n...