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A mostrar mensagens de 2024

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

CRÍTICA - "UM SINAL SECRETO"

O êxito de "Foge" ("Get Out", no original), a primeira longa-metragem de Jordan Peele como cineasta, desencadeou uma onda de cinema de terror socialmente consciente. Naturalmente, o género nunca abdicou dessa veia política, no entanto, começámos a vê-la ser um tanto ou quanto secundarizada, em particular, nas produções dos estúdios norte-americanos que, quer queiramos, quer não, constituem a cara do que um género é e representa aos olhos do grande público. "Um Sinal Secreto", também uma primeira longa-metragem de alguém que trabalha, noutros departamentos, em Hollywood, há vários anos, Zoë Kravitz, é um sucedâneo do filme de Peele (e do seu sucesso que continua a tornar títulos que, possivelmente, seriam encarados como demasiado ousados ou polarizadores em objetos comercialmente apetecíveis), um pouco como "Antebellum: A Escolhida" ou "Não Te Preocupes, Querida" (note-se, ambos menos conseguidos que o filme de Kravitz, ainda que muitíss...

CRÍTICA - "MOTEL DESTINO"

Estranhamente, o mercado português desconhece o cinema brasileiro. Nem sempre foi assim, mas, atualmente, excluindo Walter Salles, Karim Aïnouz e Kleber Mendonça Filho, não nos lembramos de nenhum outro autor(a) contemporâneo(a) cujo trabalho tenha estreado consistentemente. Se há outros cineastas dignos de nota a fazer cinema no Brasil ao dia de hoje? Há sim, quem frequenta o Indielisboa e, ocasionalmente, o MOTELX pode confirmá-lo, no entanto, por algum motivo, o circuito comercial permanece, maioritariamente, vedado ao que lá se faz. "Motel Destino", a mais recente longa-metragem de Aïnouz estreia-se entre nós em circunstâncias especiais, trata-se de um lançamento simultâneo com o mercado brasileiro, estratégia que se saúda, principalmente, quando a norma, pelo menos, no que às produções independentes diz respeito, parece ser a das estreias atrasadas, estando o calendário repleto de títulos que necessitaram de 1 a 2 anos para encontrarem um lugar no nosso calendário. Aliás...

CRÍTICA - "A ILHA VERMELHA"

Robin Campillo é um dos cineastas mais emblemáticos da sua geração, no entanto, é tudo menos prolífico. Em 2004, assinou a sua primeira longa-metragem, "Les revenants", um fenómeno de popularidade junto de crítica e público que, tardiamente, até gerou dois remakes no pequeno ecrã, um em França, outro nos EUA (Campillo não esteve envolvido em nenhum dos dois e os resultados, sejamos sinceros, não sustentavam qualquer tipo de comparação com o seu filme). Desde aí, trabalhou consistentemente enquanto coargumentista, principalmente, junto do recentemente falecido Laurence Cantet, por exemplo, em "O Emprego do Tempo" ou "A Turma", mas, como realizador, só o reencontramos em três outras ocasiões ao longo dos últimos 20 anos, em 2013, quando lançou "Eastern Boys", em 2017, ano de "120 Batimentos por Minuto", porventura, o seu melhor filme e, seguramente, aquele que mais mediatismo conseguiu alcançar e, agora, em 2024 (ainda que, em França, o l...

DESTAQUE DA SEMANA

"O Colecionador de Almas" ("Longlegs"), de Osgood Perkins OUTRAS ESTREIAS: "Deadpool & Wolverine", de Shawn Levy "Clube Zero" ("Club Zero"), de Jessica Hausner "Completamente Passado" ("Completèment Cramé!"), de Gilles Legardinier EM REPOSIÇÃO: "Patti Smith - Poeta do Rock" ("Patti Smith, la poésie du punk"), de Sophie Peyrard, Anne Cutaia "Underground - Era Uma Vez Um País" ("Underground"), de Emir Kusturica

CRÍTICA - "MEMÓRIA"

Michel Franco é um cineasta empático? O termo raramente lhe foi associado, aliás, títulos como "Nova Ordem" ou "Crepúsculo" levaram muitos a acusá-lo de sadismo, apoiando-se permanentemente num niilismo incessante para encenar as mais abjetas barbaridades. Enfim, temos de assumir que quem levanta essas acusações nunca viu, por exemplo, "Chronic", o seu primeiro filme em inglês, onde não era possível fechar os olhos ao humanismo. Em "Memória", encontramo-lo na sua melhor forma, pronto para confundir os seus detratores, com um filme... "fofinho", devastador é certo, mas, "fofinho" na mesma. É o conto de Sylvia (Jessica Chastain), uma assistente social, profundamente traumatizada pelos abusos sexuais que sofreu, primeiro, às mãos do pai e depois, de um ex-namorado, e Saul (Peter Sarsgaard), cuja vida é moldada e, acima de tudo, condicionada por uma doença degenerativa debilitante. É um conceito, no mínimo, complexo, quanto mais n...

DESTAQUE DA SEMANA:

"Memória" ("Memory"), de Michel Franco OUTRAS ESTREIAS: "Tornados" ("Twisters"), de Lee Isaac Chung "Um Domingo Interminável" ("Una Sterminata Domenica"), de Alain Parroni "O Agente Americano" ("Chief of Station"), de Jesse V. Johnson "Podia Ter Esperado por Agosto", de César Mourão "Yupumaná", de Verónica Castro "A Minha Avó Trelotótó", de Catarina Ruivo

DESTAQUE DA SEMANA

"Leva-me para a Lua" ("Fly Me to the Moon"), de Greg Berlanti OUTRAS ESTREIAS: "Divertida-Mente 2" ("Inside Out 2"), de Kelsey Mann "A Última Sessão de Freud" ("Freud ’s  Last Session"), de Matt Brown "A Maldição de Baghead" ("Baghead"), de Alberto Corredor "A Ama de Cabo Verde" ("Àma Gloria"), de Marie Amachoukeli "Sexygenários" ("Sexygénaires"), de Robin Sykes "Astrakan 79", de Catarina Mourão

DESTAQUE DA SEMANA

"Histórias de Bondade" ("Kinds of Kindness"), de Yorgos Lanthimos OUTRAS ESTREIAS: "Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1" ("Horizon: An American Saga - Chapter 1"), de Kevin Costner "One From the Heart - Reprise", de Francis Ford Coppola "Herói em 3 Dias" ("3 Jours Max"), de Tarek Boudali "BLUE LOCK O FILME - Episódio Nagi" ("Gekijô-ban Blue Lock -Episode Nagi-"), de Shunsuke Ishikawa

CRÍTICA - "A BESTA"

Bonello é um "caso" pouco convencional. Os seus filmes permanecem circunscritos a um circuito tremendamente limitado, aliás, em Portugal, apenas quatro conseguiram estreia comercial, "L'Apollonide - Memórias de um Bordel", "Saint Laurent" e "A Criança Zombie". Encontramo-lo frequentemente no alinhamento dos mais sonantes festivais de cinema mundiais, no entanto, quase nunca o vemos na competição principal desses mesmos certames. Não é que isso signifique muito, mas consubstancia a ideia de que Bonello é uma "carta fora do baralho" com a qual ninguém sabe muito bem o que fazer, onde o arrumar. Se calhar, por isso mesmo, tornou-se num dos mais influentes autores do panorama contemporâneo. Subitamente, tornou-se normal ver jovens cineastas a mencioná-lo como uma inspiração e, em jeito de culminar dessa ascensão, eis que deparamos com o seu filme mais ambicioso e, não adianta escondê-lo, porque é fútil conter o entusiasmo, a sua obra-pr...

CRÍTICA - "A DOCE COSTA LESTE"

Sean Price Williams não é um nome imediatamente reconhecível do cinéfilo comum (cortesia de um panorama que fomenta o culto do autor e, em certa medida, dos atores e atrizes, enquanto desdenha o trabalho valoroso dos restantes membros da equipa técnica). No entanto, encontramos nele uma referência fundamental do cinema independente norte-americano contemporâneo e, em particular, da sua estética. Sean é o diretor de fotografia dos irmãos Josh e Benny Safdie, de Alex Ross Perry, de Michael Almereyda, recentemente, até começou a acompanhar Abel Ferrara nas duas deambulações fílmicas. Resumidamente, o universo dos mavericks que definiram a perspetiva comum de um cinema de produção marginal que, nalguns casos (como o dos Safdie), tem conquistado um lugar no mainstream, passa inevitavelmente pela sua lente. “A Doce Costa Leste”, a sua primeira longa-metragem enquanto realizador, nasce da colaboração com o crítico Nick Pinkerton e surge no momento ideal, com um contencioso ciclo eleitoral a ...

DESTAQUE DA SEMANA

"A Doce Costa Leste" ("The Sweet East"), de Sean Price Williams OUTRAS ESTREIAS: "A Besta" ("La Bête"), de Bertrand Bonello "Gru - O Maldisposto 4" ("Despicable Me 4"), de Chris Renaud e Patrick Delage "Um Lugar Silencioso: Dia Um" ("A Quiet Place: Day One"), de Michael Sarnoski "O Clube dos Milagres" ("The Miracle Club"), de Thaddeus O'Sullivan "Hammarskjöld - Luta Pela Paz" ("Hammarskjöld"), de Per Fly "À Mesa da Unidade Popular", de Isabel Noronha e Camilo de Sousa