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Crítica: "Child 44" ("A Criança Nº44"), de Daniel Espinosa



União Soviética, início da década de 1950. Durante o governo de Estaline, Leo Demidov (um desempenho fantástico de Tom Hardy) subiu na hierarquia do MGB (antecessor do KGB) até se transformar num dos mais respeitados agentes da investigação de dissidentes. Quando a sua mulher Raisa (Noomi Rapace), é inesperadamente envolvida num caso de conspiração, ele vê-se forçado a investigá-la. Porém, quando se recusa a denunciar a esposa, os seus superiores obrigam-no a abandonar Moscovo e reiniciar a sua vida na cidade industrial de Volsk. É então que Leo e a mulher decidem ajudar o General Mikhail Nesterov (Gary Oldman) a investigar o caso de uma criança assassinada perto das linhas de caminho-de-ferro. Tendo como ponto de partida, o bestseller (baseado em factos verídicos) homónimo de Tom Robb Smith, o cineasta sueco Daniel Espinosa ("Snabba Cash", "Detenção De Risco") cria com este seu "A Criança Nº44" um thriller denso, enigmático e empolgante que traça um retrato perturbador dos horrores quotidianos cometidos durante o regime opressivo de Josef Estaline. A não perder!


9/10
Miguel Anjos

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