Avançar para o conteúdo principal

Crítica

"La La Land: Melodia de Amor", de Damien Chazelle


Título Original: "La La Land"
Realização: Damien Chazelle
Argumento: Damien Chazelle
Elenco: Ryan Gosling, Emma Stone, J.K. Simmons
Género: Comédia, Drama, Musical
Duração: 128 minutos
Distribuição: PRIS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 26/01/2017

"Whiplash - Nos Limites", segunda longa-metragem de Damien Chazelle surgiu no Festival de Sundance há dois anos atrás e, rapidamente se tornou num arrebatador e imprevisível fenómeno de popularidade. Na sua terceira, já acompanhado por um orçamento superior (30 milhões de dólares) e um elenco de primeira grandeza, o jovem cineasta constrói uma apaixonada carta de amor aos grandes clássicos musicais que é dos filmes mais eufóricos que a Hollywood contemporânea nos deu em muito tempo. Nele, se conta com um certo sentimento de realismo mágico particularmente afinado, entre uma aspirante a atriz que luta com as rejeições constantes dos diretores de casting e um pianista frustrado que vai trabalhando numa série de locais menos felizes para reunir dinheiro suficiente para abrir um bar de jazz à antiga (não será muito difícil, depois de três longas-metragens perceber que a ideia dos jovens que querem desesperadamente tentar trazer de volta o jazz como era "dantes", é o tema nuclear do cinema de Chazelle). Alternadamente loucamente feliz e esperançoso e, tocantemente melancólico, "La La Land: Melodia de Amor" (a tradução, como de costume em Portugal, é inspirada) pode não ter a profundidade de outros títulos que temos visto recentemente, mas é de uma honestidade e beleza que comovem e, tem isso sim os melhores e mais românticos minutos finais que vimos em largos anos (tour de force de Chazelle, que claramente cresceu muito enquanto autor desde que nos mostrou o seu "Whiplash - Nos Limites", demonstrando aqui um talento que não lhe conhecíamos para a encenação de sequências de grande espetáculo), impulsionado por dois atores de excelência como são Emma Stone e Ryan Gosling (especialmente, Gosling que tem aquele charme de estrela de cinema clássica), que como a imprensa estrangeira muito tem vindo a afirmar constituem mesmo um dos mais bonitos pares do cinema moderno. Chega hoje às nossas salas (com imensas expectativas criativas e comercias, criadas pelas críticas que foram sendo escritas e, os prémios que têm sido ganhos) e, vai fazer os portugueses sorrir mais…

10/10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...