No panorama cinematográfico contemporâneo, Jeff Nichols é um solitário. Um cineasta proveniente do coração da América do Norte, mais precisamente de Little Rock, no Arkansas, Nichols tem-se dedicado quase exclusivamente a trazer para o grande ecrã um universo que Hollywood esqueceu completamente (ou opta por ignorar), nomeadamente, o da América onde nasceu e cresceu, interior, rural, sem nenhum glamour, refém de credos pouco recomendáveis, como o culto das armas, o fundamentalismo cristão ou a desconfiança perante o Estado central. Resumindo, a América que ganhou uma identidade política e, consequentemente, mediática no momento em que Hillary Clinton falou dos “deploráveis”. Em “The Bikeriders”, Nichols baseou-se no livro homónimo do fotógrafo Danny Lyon, que documenta a evolução (ou perversão) de um clube de motoqueiros que, lentamente, se transformou numa organização criminosa. O filme de Nichols é “comandado”, por assim dizer, por três personalidades, o fundador do clube, Johnny (To...