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Crítica: "Mad Max: Fury Road" ("Mad Max: Estrada Da Fúria"), de George Miller



Perseguido pelo seu turbulento passado, Mad Max (uma interpretação prodigiosa de Tom Hardy) acredita que a melhor forma de sobreviver é não depender de mais ninguém para além de si próprio. Ainda assim, acaba por se juntar a um grupo de rebeldes que atravessa a Wasteland, numa máquina de guerra conduzida por uma Imperatriz de elite, Furiosa (Charlize Theron, o coração do filme). Este bando está em fuga de uma Cidadela tiranizada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que interpretou Toecutter o vilão do primeiro filme da saga), a quem algo insubstituível foi roubado. Exasperado com a sua perda, o Senhor da Guerra reúne o seu letal gang e inicia uma impiedosa perseguição aos rebeldes. Trinta anos depois de ter encerrado a trilogia original "Mad Max" (cujo primeiro título, com Mel Gibson, surgiu em 1979) com o fabuloso "Mad Max III: Além Da Cúpula Do Trovão" (1985), o genial cineasta australiano George Miller regressa ao universo caótico e sangrento do "Guerreiro Da Estrada" com "Mad Max: Estrada Da Fúria" (título original: "Mad Max: Fury Road") um espetáculo de ação pós-apocalíptico em 3D, empolgante, visceral e insano, que reinventa a história do aventureiro motorizado futurista como um manifesto feminista ("Estrada Da Fúria" é aliás, um conto de emancipação), com toques de parábola sobre o fim da humanidade.
Um clássico instantâneo.


10/10
Miguel Anjos

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