Avançar para o conteúdo principal
Crítica: O Caminho Entre O Bem E O Mal (A Walk Among The Tombstones), de Scott Frank


Existe algo de extremamente sedutor naquela fórmula clássica, criada pelo cinema de suspense, do detetive misterioso e duro, marcado por um passado violento, que decide dedicar a sua vida à investigação de todo o tipo de casos e Lawrence Block sabe disso.Como tal decidiu criar Matthew Scudder um personagem em tudo semelhante a essa descrição, criando assim uma longa saga literária que agora chega às salas (com o objetivo de criar uma longa saga cinematográfica.
E não há como negar que o resultado é acima de satisfatório, apresentando-se como um thriller negro, de um estilo clássico, a fazer lembrar o cinema noir dos anos 40, com um realização estilizada e climática que oferece à obra um "delicioso" ambiente de mistério que cativa do início ao fim.
Tudo isto com a ajuda de um talentoso elenco que providencia um interesse extra a uma obra já de si bastante sólida, em especial Liam Neeson, a conferir uma certa humanidade ao seu Scudder, que contrasta na perfeição com a dureza que o personagem também possui. Além deste é também importante destacar Dan Stevens, que continua a provar-se como uma verdadeira estrela em ascensão, conferindo ao seu personagem uma constante agressividade e revolta que em tudo condiz com a obra.
Menção também para a excelente banda-sonora, e belíssima fotografia, que abrilhantam cada cena.
E por isso e mais, não consigo deixar de recomendar "O Caminho Entre O Bem E O Mal", uma obra inteligente, negra, e cativante, que nos renova o prazer pelas histórias de detetives.
9/10

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...