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Crítica: "Paper Towns" ("Cidades De Papel"), de Jake Schreier




O escritor norte-americano John Green arrebatou a crítica, o público e os corações do mundo inteiro em 2014, quando "A Culpa É Das Estrelas" o seu livro mais famoso foi adaptado ao cinema. Ora, e depois de arrecadar mais de 307 milhões de dólares na bilheteira, o sucesso do filme fez avançar a carreira literária de Green e fez com que outras duas obras suas ("Paper Towns" e "Looking For Alasca") fossem adquiridas por grandes estúdios de Hollywood e transformadas em longas-metragens. Sendo que a primeira a chegar às salas de cinema é "Cidades De Papel", uma comédia dramática (com uma "aura" de mistério) divertida e enternecedora, repleta de referências inteligentes e bem colocadas à cultura pop (que vão desde "Game Of Thrones" até "Pokémon"), que narra a história de Quentin (interpretado por Nat Wolff), um estudante que vive apaixonado pela sua enigmática vizinha Margo (Cara Delavingne) desde a infância. Depois de o levar consigo numa aventura de uma noite pela sua cidade natal, Margo desaparece subitamente, deixando para trás uma série de enigmáticas pistas para Quentin decifrar. A partir daí, o cineasta Jake Schreier ("Robô & Frank") e os argumentistas Scott Neustadter e Michael H. Weber (que para além de terem assinado o ótimo "(500) Days of Summer", já tinham escrito o argumento de "A Culpa") constrõem uma narrativa honesta, comovente e nostálgica (que possui a picardia de um John Hughes e a melancolia de um Whit Stillman) sobre o fim da adolescência e a entrada na idade adulta. A ver...

9/10
Miguel Anjos

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