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Crítica: "Love & Mercy" ("Love & Mercy - A Força De Um Génio"), de Bill Pohlad



Título Original: "Love & Mercy"
Realizador: Bill Pohlad
Argumento: Oren MovermanMichael A. Lerner
Elenco: John Cusack, Paul Dano, Elizabeth Banks, Paul Giamatti
Género: Biografia
Duração: 121 minutos

Bill Pohlad, célebre produtor norte-americano conhecido pelo seu trabalho em títulos como "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), "O Lado Selvagem" (2007), "A Árvore da Vida" (2011) ou "12 Anos Escravo" (2013), assina a sua primeira longa-metragem enquanto cineasta em vinte e cinco anos (a sua primeira obra "Old Explorers", data de 1990) com este impressionante "Love & Mercy - A Força De Um Génio", um drama biográfico emotivo e verdadeiramente comovente, que traça um retrato íntimo de Brian Wilson (muito graças a uma extraordinária interpretação dual de Paul Dano e John Cusack, que dão vida ao músico em épocas distintas da sua vida), o compositor e líder dos The Beach Boys, desde o enorme sucesso com os diversos álbuns da banda aos problemas psicológicos e com as drogas, que o levaram ao encontro com o psiquiatra abusivo, Dr. Eugene Landy (vivido por um Paul Giamatti simplesmente genial, que aqui dá corpo a uma das personagens mais detestáveis do ano). Como o jovem Wilson, Dano compõe uma interpretação notável, feita de olhares, sorrisos e expressões corporais (Cusack é ótimo, mas não lhe chega aos calcanhares), enquanto que Elizabeth Banks (como Melinda Ledbetter, a segunda mulher de Wilson) "irradia" compaixão e bondade, criando assim um contraste perfeito com o detestável Landy e com o universo destrutivo em que Brian habita. Uma cinebiografia pouco convencional, mas muito boa.

Miguel Anjos

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