Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Operação Eye in the Sky", de Gavin Hood


Título Original: "Eye in the Sky"
Realização: Gavin Hood
Argumentista: Guy Hibbert
Elenco: Helen MirrenAaron PaulAlan RickmanBarkhad Abdi
Género: Drama, Thriller, Guerra
Duração: 102 minutos
País: Reino Unido
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data De Estreia (Portugal): 31/03/2016

Intenso, intrigante e inquietante, este muito interessante "Operação Eye in the Sky", concentra toda a sua ação numa única missão no espaço de 24 horas, onde uma oficial militar (Helen Mirren, num dos melhores momentos da sua carreira) no comando de uma operação secreta destinada a capturar terroristas no Quénia, vê a sua missão mudar drasticamente quando se sabe da existência de uma missão suicida em curso. A partir daí, a situação torna-se progressivamente mais complexa, quando uma menina de 9 anos entra na zona do alvo. Assumindo um estilo próximo do recente "Morte Limpa", Gavin Hood e Guy Hibbert, cineasta e argumentista, respetivamente, expõem a tensão presente nos gabinetes onde se decide entre a vida e a morte, enquanto se racionaliza sobre os danos colaterais que são aceitáveis, colocando questões pertinentes para as quais o filme não tem respostas (tornando-as, por isso, mais interessantes) e, são ajudados, por um elenco de excelência, de onde se destacam, em particular, o enorme Alan Rickman que aborda o seu pequeno papel com uma admirável dose de subtileza e inteligência e Aaron Paul numa performance de incrível humanidade.

Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...