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Crítica: "Uma História de Amor e Trevas", de Natalie Portman



Título Original: "A Tale of Love and Darkness"
Realização: Natalie Portman
Argumento: Natalie Portman
Elenco: Natalie PortmanGilad KahanaAmir Tessler
Género: Biografia, Drama, História
Duração: 95 minutos
País: Israel
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 17/03/2016


Baseado no livro de memórias do escritor israelita Amos Oz (editado em Portugal pela Dom Quixote), "Uma História de Amor e Trevas" narra uma pequena parte da sua vida ao mesmo tempo que acompanha a história política do seu país. Desde a infância em Jerusalém (durante o final do mandato britânico na Palestina), até ao nascimento do Estado de Israel. Naquela que é a sua primeira longa-metragem enquanto cineasta, a atriz Natalie Portman surpreende pela positiva ao encenar um drama tocante, algures entre o fresco histórico e a saga intimista, repleto de planos belíssimos, dotados de enorme lirismo e inspiração (a trazer à memória o cinema de Terrence Malick). Além disso, importa dar devido destaque ao trabalho dos atores, em especial, Portman que no papel de Fania (mãe do protagonista), compõe uma personagem de irrepreensível dignidade, nas suas trevas romanceadas, e o estreante Amir Tessler que se apresenta como uma estonteante revelação. O lançamento discreto (apenas 3 salas) e a falta de uma campanha publicitária digna, asseguram que irá passar ao lado da grande maioria dos espetadores, mas isso não é razão para ignorar um dos primeiros grandes filmes do ano.

Texto de Miguel Anjos

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