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Crítica: "Orgulho e Preconceito e Guerra", de Burr Steers



Título Original: "Pride and Prejudice and Zombies"
Realização: Burr Steers
Argumento: Burr SteersSeth Grahame-Smith
Elenco: Lily JamesSam RileyJack HustonBella HeathcoteDouglas BoothMatt SmithCharles DanceLena Headey
Género: Ação, Terror, Romance
Duração: 107 minutos
País: EUA | Reino Unido
Ano: 2016
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 17/03/2016


Em 2012, tivemos "Diário Secreto de um Caçador de Vampiros", em que Abraham Lincoln tinha honras de ceifador. Este ano há "Orgulho e Preconceito e Guerra", uma visita ao universo de Jane Austen em tempo de guerra e com um pormenor que a tradução do título para português omite: zombies. Ambos têm em comum o escritor Seth Grahame-Smith, que teve a visão de fazer uma coisa engraçadíssima num momento, 2009, em que a moda dos zombies começa a pegar. A história gira em torno de Elizabeth Bennett (Lilly James), a mais velha de quatro irmãs (cada uma delas exímia em artes marciais e no manuseamento de armas) e do seu romance com Mr. Darcy (encarnado pelo sempre fiável Sam Riley), um dos mais implacáveis caçadores de zombies de Inglaterra, mas também um dos homens mais arrogantes da região. É o tipo de ideia que nas mãos erradas poderia ter corrido muito mal, mas felizmente Burr Steers (que, para além de realizar também escreve o argumento em conjunto com Grahame-Smith) teve o brilhantismo de construir um filme que adapta a época ao contexto, ao invés de gozar com ela (e o mesmo com o texto original de Austen que é respeitado na íntegra), resultando numa fita irreverente e cativante, armada com um apurado sentido do absurdo, que entretém (e muito) do princípio ao fim. Os puristas vão ficar chateados, mas os outros têm em mãos o filme mais divertido da temporada.

Texto de Miguel Anjos

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