Avançar para o conteúdo principal

Cinema

Crítica: "Borboleta Negra", de Brian Goodman


Título Original: "Black Butterfly"
Realização: Brian Goodman
Género: Thriller
Duração: 93 minutos
Distribuição: PRIS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 08/06/2017


Brian Goodman é um homem ambicioso. Afinal, quando confrontados com a sua segunda longa-metragem como cineasta, importará notar, que o conceito em causa, pouco ou nada tem de simples ou óbvio. Ora vejamos, um thriller, que tanto funciona como uma aventura enraizada nos códigos do género, como uma desconstrução dos mesmos, onde as próprias personagens têm longas discussões sobre a estrutura destas narrativas e, talvez ainda mais importante, acerca da veracidade das mesmas. E, de facto, esta história de um romancista, sem inspiração, cujos caminhos se cruzam com os de um nómada misterioso, prende-nos e engana-nos com notável mestria, durante boa parte de uns económicos 93 minutos. Com uma apuradíssima construção de tensão, que vai crescendo até se tornar palpável, um belo elenco (nem falta um cameo de Abel Ferrara, para deixar o cinéfilo comum, com um bom sorriso na cara). Nesta conjuntura, só é mesmo pena, que os argumentistas Marc Frydman e Justin Stanley tenham sentido a necessidade de conceber dois finais, um manifestamente inteligente e subversivo, que fecha esta sequência de acontecimentos insidiosos com uma chave de ouro, outro rotineiro e banal, que devia ter sido cortado inteiramente. Tendo isto dito, ficamos com 90 minutos surpreendentes e bastante recomendáveis e, assim podemos perdoar os restantes três.

7/10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...